Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Tecnologia do Maglev na China

10 de março de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Como é conhecido por muitos, a China, para manter o seu elevado crescimento econômico previsto para uma taxa de cerca de 6,5% por ano no seu PIB, vem fazendo muitos investimentos em trens, sendo que para curtas distâncias estão usando o maglev que provocam o mínimo de ruídos, ainda que suas velocidades não sejam elevadas.

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O maglev de Changsha na província de Hunan em foto constante do artigo no Nikkei Asian Review

Como já registrei num artigo neste site, o primeiro maglev que utilizei na China foi do aeroporto para os arredores da cidade de Xangai, que utilizava uma tecnologia alemã e era confortável e rápido. Agora o artigo de Shinsuke Tabeta, do Nikkei Asian Review, informa que a China que já instalou uma rede de trens rápidos pelo país está utilizando o maglev para distâncias curtas com sua tecnologia própria que compete com as dos japoneses que se destina a distâncias médias como de Tóquio, inicialmente até Nagoya com intenção de chegar a Osaka, que já conta com o Shinkansen há muitas décadas. A vantagem destes maglev é que são silenciosos e os seus usuários podem conversar no seu interior sem nenhuma restrição, sem trepidações, além de serem de velocidade média, pois destinados a ligações de pequena distância.

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Mapa constante do artigo publicado no site da Nikkei Asian Review, que vale a ser lido na sua íntegra

Já existem duas linhas em funcionamento, o que me referi acima de Xangai e outro de Changsha, que estão sendo operados em fase de ensaio, sendo que existem outros cinco projetados para funcionamento nos próximos anos, com tecnologia chinesa. As médias e longas distâncias estão sendo cobertas na China pelos trens convencionais rápidos, sendo que as de pequenas distâncias pelos maglevs. Como a economia naquele país é centralizada, estes projetos devem ser implementados nos prazos previstos e na medida em que são executados em grande escala acabam resultando em custos razoáveis até nos materiais rodantes, bem mais baixos que em outros países, inclusive nos sistemas de metrô e assemelhados no Brasil, havendo hoje uma vigilância para que não existam corrupções naquele país. Os investimentos estão estimados em cerca de US$ 8,7 bilhões, sendo executados pelo CRRC – China Railway Construction.

O projeto de Changsha é de 19 quilômetros e sua velocidade é de 70 quilômetros por hora, devendo ser lançado oficialmente ainda neste ano. Seu custo está estimado em US$ 622 milhões. Como os trânsitos rodoviários urbanos são difíceis naquele país, os metrôs cogitados variam de custos entre US$ 72 milhões a US$ 115 milhões por quilômetro, dependendo das escavações necessárias nos diferentes solos. Os custos do maglev acima do solo custam de US$ 29 milhões a US$ 43 milhões por quilômetro, ou seja, menos da metade dos metrôs.

Os maglev de baixa velocidade na China flutuam 8 milímetros acima dos trilhos enquanto os japoneses cerca de 10 centímetros, ficando com custos de 50% ou 33% para construir comparados com o do Japão, o que explica a sua multiplicação naquele país. No governo de Qingyuan, na província de Guangdong planeja-se 30 quilômetros custando US$ 1,5 bilhão, devendo estar em operação no final de 2018. Em Beijing está se construindo 20 quilômetros no seu subúrbio, ao custo de US$ 1,7 bilhão. Para os maglev mais rápidos de até 600 quilômetros por hora, o custo fica por volta de US$ 434 milhões por quilômetro.

Os chineses visitaram países como Cingapura, Alemanha e Brasil esperando exportar estes trens para outros países no futuro, esperando-se haver maior competição internacional nas próximas décadas. Como a eficiência brasileira é muito mais baixa, inclusive pela sua escala, tudo indica que os construtores brasileiros não têm como competir com os chineses, lamentavelmente.

Tudo isto dá muita inveja aos brasileiros que precisam encontrar formas para baixar seus custos, sem o que acabarão dependendo dos chineses que exigem que os investimentos efetuados tenham custos internacionais que precisam ser remunerados com moedas estrangeiras.



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