Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Falta de Transparência na Ajuda Externa dos EUA

6 de março de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo publicado por Max Bearak e Lazaro Gamio no The Washington Post mostra a falta de transparência da ajuda externa dos Estados Unidos para vários países do mundo, por diversas agências e programas, inclusive para a compra de armas destes países dos produtores norte-americanos, podendo haver sobreposições entre alguns destes programas.

grafico

Da proposta orçamentária de Barack Obama para 2017 de US$ 4,15 Trilhões, somente US$ 42,4 Bilhões seriam de Assistência Financeira Externa, que está no gráfico no espaço da parte superior esquerda, segundo o publicado no The Washington Post

No entanto, a realidade seria totalmente diferente, difícil de ser estimada corretamente, pois muitas assistências aparecem de formas diferentes, como as concedidas por países, por programas de diversos departamentos do governo norte-americano bem como recursos para a compra de armamentos dos Estados Unidos pelos países estrangeiros aliados. As tentativas de estimativas efetuadas por algumas entidades só permitem uma vaga ideia, como a elaborada pela Fundação Família Kaiser, publicada em 2015, que é tida como uma das mais sérias nesta área.

Esta pesquisa dos jornalistas Max Bearak e Lazaro Gamio começou com a assistência para segurança dada pela administração Barack Obama a Israel que chegariam a US$ 38 bilhões em dez anos a partir de 2019, que parecia a eles como bastante elevada. Mas chegaram também aos programas como de combate ao HIV/AIDS e os que fornecem recursos diretos para armar as forças de segurança de outros países aliados.

Foram utilizados dados do Departamento de Estado requeridos ao Congresso para 2017 e foram conferidos com muitos representantes de diferentes agências e contatados analistas acadêmicos especializados. A resposta geral foi de que os jornalistas estariam com orientações na direção correta, mas que haveria muito mais informações a que poderiam chegar para completar o quadro.

Os programas poderiam ser agrupados entre as assistências para a economia e desenvolvimento, compreendendo US$ 25,6 bilhões em 2017, e os principais seriam: US$ 2,8 bilhões para Assistência para Migrantes e Refugiados, US$ 3,0 bilhões para Assistência ao Desenvolvimento, US$ 6,8 bilhões para o Fundo de Suporte ao Desenvolvimento, US$ 8,6 bilhões para Programas de Saúde Global, US$ 2,0 bilhões para Programas de Assistência aos Desastres, US$ 1,8 bilhão para Alimentos e Paz, US$ 1 bilhão para os Desafios do Milênio, entre os principais. Os voltados à segurança somariam US$ 16,8 bilhões, sendo os principais: US$ 5,7 bilhões para Financiamento de Força Militar Estrangeira, US$ 3,4 bilhões para Fundo de Segurança do Afeganistão, US$ 1,4 bilhão para Fundo de Segurança das Coalizões, US$ 1,1 bilhão para Programas de Combate aos Narcóticos, US$ 1 bilhão para o Fundo de Combate ao Terrorismo, entre os principais.

Nos financiamentos das compras de armamento Israel é o mais aquinhoado, sendo 26% dos recursos podem ser destinados para aquisições em Israel, com os demais importados dos Estados Unidos com subsídios, havendo uma programação para aumento da compra de produção local.

Na assistência por países o primeiro continua sendo Afeganistão, que entre assistência para o desenvolvimento e para segurança recebe US$ 4,78 bilhões, seguido por Israel, Egito, Iraque, Jordânia, Paquistão e países africanos. Para a compra de armamentos, destaca-se a Arábia Saudita, com US$ 3,3 bilhões seguida pela Austrália, Japão, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Taiwan entre os principais. Informa-se que os Estados Unidos estariam controlando atualmente a metade do fornecimento de armamentos no mundo.

Muitas outras informações são fornecidas pelo artigo que mesmo assim adverte que se trata de uma primeira aproximação, sem que se consigam os dados precisos sobre todas estas assistências econômicas e militares. As notas sobre o Brasil não parecem significantes, mas certamente existem algumas como a troca de informes sobre o tráfego de drogas que acabam proporcionando outras informações que são mantidas confidenciais.

Todos sabem que os armamentos não estão sujeitos a concorrências permitindo relacionamentos espúrios como os conhecidos do complexo industrial e militar com os governos, mesmo nos Estados Unidos. Os que são utilizados em operações militares são difíceis de ser conferidos o que dá margem a volumosos recursos sem o devido controle da população. Imaginar que não existem influências político partidárias sobre estes volumosos recursos seria até uma ingenuidade, ainda que nem sempre possa ser confirmado.



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