Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preocupações Com a Desmoralização dos Políticos

6 de março de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , ,

imageA utilização de retalhos variados de ideias de administração que provocam a disseminação de notícias não parece um processo de amadurecimento político indispensável para um país, gerando riscos da popularidade de figuras que não contem com a consciência nacional mais ampla, contando com uma equipe para tanto, principalmente de medidas que exigem longos prazos para a sua maturação. (Estudantes japoneses aprendem a limpar os banheiros das escolas)

Um artigo de Maria Cristina Fernandez, publicado no suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico, chama a atenção sobre o estilo da administração do prefeito de São Paulo, João Doria, que começou vestindo o uniforme de gari para mostrar que se preocupa com a limpeza da cidade. Também estimula que muitas empresas que são citadas explicitamente como retornos deem sua colaboração para resolver alguns problemas que exigem pequenos investimentos. Parece que estas campanhas terão vida curta, visando simplesmente mostrar que outros administradores públicos não tiveram a capacidade de mobilizar, para provocar uma ampla divulgação pela imprensa. É sabido que a ideia de colaboração da população neste tipo de processo já é tradicional no Japão, mas começando pelas escolas onde as limpezas são feitas pelos próprios alunos. Não basta uma simples campanha, como se fosse uma ideia original.

Há que se apontar que as empresas de João Doria tiveram um crescimento acentuado quando ele participou das administrações da relacionadas ao turismo no Estado e na União, chegando a usar a Lide para estimular o seu relacionamento com muitos empresários. Ele não é um caso isolado de uma figura que não se identifica como político, pois também o juiz Sérgio Moro acaba sendo cogitado para uma carreira política, com o destaque que vem recebendo da imprensa. Também algumas lideranças de jovens que surgiram nas manifestações públicas já conseguiram alguns cargos eletivos, havendo divergências sobre as linhas dos prosseguimentos destas atividades.

O desejável é que estas figuras que pretendem exercer a liderança política tivessem uma formação para tanto. Na China, há muito tempo, os mandarins eram preparados para exercer os papeis desta natureza. Na Europa, tanto na França como na Alemanha, havia cursos visando a formação destas lideranças políticas. No Japão, as universidades imperiais na Era Meiji foram criadas para a formação destas elites, tanto para o setor privado como público.

O risco de surgimento de um líder carismático que empolgue a população é muito elevado. Na administração de um país existem outras necessidades, bem como da formação de uma equipe que preencha as variadas necessidades do governo. Parece que na China e na Índia algumas destas equipes estão em formação, inclusive com visões internacionais bastante amplas.

Quando se trata de um país, cuja administração é muito mais complexa do que das grandes organizações privadas, não existe a garantia de que a defesa de interesses setoriais seja suficiente com a sua agregação. Há que se pensar no todo, principalmente com muitos preocupados nos interesses nacionais que costumam ser mais do que a agregação dos interesses setoriais. No caso brasileiro, surgem muitas lideranças que defendem interesses específicos, mas poucos que se preocupam com a defesa da União.

Tudo indica que não existem milagres nestas áreas, como está se verificando agora nos Estados Unidos. Há uma necessidade de um amplo sistema de check and balance, onde os interesses nacionais não sejam atribuídos a uma pessoa ou um grupo. O desenvolvimento de um sistema razoável costuma exigir tempo e um amadurecimento que não se processa somente no setor político.



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