Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Desastroso Recorde de Desemprego

3 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

clip_image002Ainda que membros do atual governo procurem atribuir o atual desemprego recorde, parece evidente que existem erros na atual orientação, não bastando publicidades afirmando que a economia brasileira já iniciou sua recuperação que será lenta.

E os que precisam sustentar a sua família?

Todos sabem que os seres humanos se realizam pelo trabalho e quando ficam desempregados são afetados no que existe de fundamental na sua existência. Verificando-se com cuidado em que setores a economia brasileira vinha criando empregos, sempre se destacam o complexo dos agronegócios, a construção civil e o de turismo, todos intensivos na utilização de recursos humanos. Mas o atual governo brasileiro vem retirando o suporte do setor rural pela valorização do câmbio que reduz a remuneração do setor, onde os preços dos produtos são determinados pelo mercado internacional e acabam influindo no mercado interno. O governo atribui seu mérito à redução da taxa de inflação, mas são os alimentos, que dependem fortemente do setor rural, que estão fazendo com que os preços subam menos. A sua contrapartida é a redução do estímulo para os produtores rurais.

De forma idêntica, os brasileiros passaram a se voltar ao turismo externo que cria emprego nos outros países por causa do câmbio, mas o Brasil, além de reduzir o turismo interno, também acaba recebendo menos estrangeiros. Este setor que ajudava na criação do emprego local está transferindo para o exterior estas vantagens, inclusive aumentando algumas importações sem tributação adequada.

Ainda que quem utilizou a corrupção deva ser punido, haveria necessidade de preservar as empresas da construção civil, principalmente a pesada, que, além de providenciar a infraestrutura para o aumento das exportações, também ofereciam moradias para os brasileiros. Além de reduzir os financiamentos para os compradores de imóveis de baixa renda, a redução do emprego está desestimulando as aquisições de moradias que seriam honradas com o cumprimento dos compromissos dos financiamentos. Hoje, está difícil para qualquer família assumir compromissos de pagamentos dos financiamentos, mesmo a longo prazo e com juros favorecidos.

As mudanças quase diárias das medidas governamentais acabam gerando dúvidas entre os empresários sobre o futuro. Sem uma perspectiva positiva e garantia de que os compromissos assumidos não serão alterados, ninguém pode se arriscar a efetuar investimentos e inovações que ajudariam a criar o emprego local.

Num processo cumulativo de vários fatores como os apontados, não se acaba gerando o otimismo indispensável para recuperar, mesmo lentamente, a economia brasileira, sendo que o papel do governo nesta área é fundamental. O que continua se disseminando são dúvidas, aumentando os riscos de qualquer empreendimento, lamentavelmente, não se podendo afirmar que os responsáveis sejam os governantes anteriores, por mais que eles tenham errado.

Imaginar que a publicidade oficial possa melhorar este quadro parece ser uma crença duvidosa, o que está se comprovando com as pesquisas de opinião sobre o atual governo. Há que se corrigir parte da política econômica, pois o câmbio deveria estimular a criação do emprego local e não salvar o sistema bancário dos seus prejuízos com operações duvidosas, nem ajudar a redução da inflação acima do que estaria sendo esperado até pelo governo.


2 Comentários para “O Desastroso Recorde de Desemprego”

  1. Mauricio Santos
    1  escreveu às 17:42 em 4 de abril de 2017:

    Muito bom Paulo, se Temer não cair antes o jogo todo está em 2018 Será a chance de alguma melhora

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:25 em 4 de abril de 2017:

    Caro Mauricio Santos,

    Tudo está muito complicado e um mandato provisório não resolve os problemas que demandam mais tempo. As próximas eleições são uma esperança, mas não pode se esperar um milagre. Tenho a impressão que necessitamos de horizontes mais longos, como estão tentando os chineses e indús.

    Paulo Yokota


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