Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Risco de Sobrar Para o Brasil

11 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Os diversos jornais no mundo, notadamente o Financial Times, vêm acompanhando com detalhes os entendimentos entre os Estados Unidos com a China, visando nos próximos cem dias definir como vão tentar reduzir o déficit comercial bilateral de forma significativa.

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As equipes de Donald Trump e de Xi Jinping combinaram um plano de 100 dias para definir as formas de redução do déficit comercial dos Estados Unidos com a China

As informações fornecidas pela imprensa, como a do Financial Times, escrito por Tom Michell e Shawn Donnan, reproduzido em português no Valor Econômico, informam que existem amplas possibilidades de aumento das importações chinesas de commodities agrícolas dos Estados Unidos, inclusive de carne bovina, além do aumento de participação do setor financeiro norte-americano na China.

Todos sabem que o Brasil é um grande fornecedor de soja e milho, como de carnes de frangos e suínos, além de se prepararem para aumento das exportações de carnes bovinas para a China. Estas notícias são, portanto, preocupantes, ainda que nenhum país pretenda concentrar na dependência de somente um fornecedor. A China já teve parceria neste segmento com os Estados Unidos, quando houve um boicote de fornecimento de grãos para aquele país no período de comando do Mao Tsetung, que levou milhões de chineses à morte pela fome. Mais recentemente, o Brasil se beneficiou da exportação para os chineses bem como elevação dos preços destas commodities no mercado internacional.

No entanto, sabe-se que a China não pode dispor do mercado dos Estados Unidos para uma longa série de seus produtos exportados, necessitando encontrar formas para a redução do déficit comercial dos norte-americanos. Estes fornecimentos de cereais e de proteínas animais dos Estados Unidos certamente acabam sendo os mais fáceis, mesmo acreditando-se que os Estados Unidos desejem se concentrar nas exportações de produtos industrializados e serviços.

Muitas indústrias de origem norte-americanas se instalaram na China, ajudando no seu desenvolvimento, inclusive para promover suas exportações para os Estados Unidos. O governo de Donald Trump deseja que eles voltem a produzir no seu país, ajudando a criar empregos locais de qualidade. Este processo é mais complexo, pois exige também mudanças nos fornecimentos de matérias-primas e componentes, inclusive os produzidos em terceiros países como o México ou países asiáticos.

Sabe-se que os chineses, inclusive os residentes no exterior, são grandes investidores em títulos públicos dos Estados Unidos, tendência que poderá se acentuar com a elevação ainda que ligeira dos juros naquele país. Qualquer plano terá sempre necessidade de medidas adicionais e quando a China ainda não dispunha de tecnologia utilizou-se os recursos humanos que eram mais baratos. Hoje, o quadro é totalmente diferente e muitas pesquisas chinesas como suas tecnologias são competitivas internacionalmente, sendo mais fácil contar com produtos agropecuários, setor onde o Brasil é relevante.

Em qualquer circunstância, o quadro deverá provocar alterações cambiais, de juros e tributações, e estes dois gigantes mundiais acabam provocando mudanças em outros países. O Brasil precisa se preparar para tanto, com uma estratégia mais complexa do que vem adotando para resolver seus problemas internos.



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