Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Vamos Trabalhar no Lixo e na Água

19 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: , ,

Sem desejar aparentar um saudoso, desejo registrar duas lembranças do que já acontecia nos anos 60 do século passado. Trabalhando na CIBPU – Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai, o professor Lucas Nogueira Garcez, da Escola Politécnica da USP, já apontava que a Grande São Paulo teria problemas com a necessidade de água. No Japão, a poluição era terrível e os rios de Kawasaki, nas proximidades de Tóquio, estavam totalmente poluídos e o ar que se respirava provocava lágrimas na rota do aeroporto de Haneda para a capital japonesa.

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Foto do artigo da Folha de S.Paulo que mostra o lançamento de lixo em São Paulo, que polui as águas. Segundo o artigo, que vale a pena ser lido na sua íntegra, a Sabesp estuda gerir o destino do lixo na Grande São Paulo

Um artigo elaborado por Fabrício Lobel e Eduardo Scolese e publicado na Folha de S.Paulo trata do problema do lixo e da água na Grande São Paulo, dois problemas correlacionados que precisam ser atacados num plano de alguns anos. O atual governador Geraldo Alckmin já prometeu que as águas dos rios Tiete e Pinheiros seriam despoluídos, mas pouco de concreto foi feito nesta direção até agora, a não serem medidas sem expressão. Todos sabem que estas águas poluídas ajudam a abastecer São Paulo depois de tratadas, mas isto não é suficiente, mesmo com a ajuda de Cantareira e outras represas cada vez mais distantes. Há que se trazer água de outras bacias mais desfavoráveis, elevando-as até o nível de São Paulo, o que é extremamente custoso, como do Vale do Ribeira.

Já existem tecnologias desenvolvidas em muitas partes do mundo para estes problemas. No Japão, por exemplo, em Kawasaki, as águas estavam poluídas nos anos 1960 e hoje peixes vivem nas suas águas, como também acontece em Seul, na Coreia do Sul, e muitas outras localidades no mundo. As indústrias têxteis japonesas se transformaram em empresas para despoluição das águas, pois os produtos químicos que eram utilizados hoje estão totalmente neutralizados. E mais ainda, os resíduos como dos lixos são transformados em geradores de energia e fertilizantes, que no conjunto acabam sendo econômicos, depois de muito trabalho e tecnologia.

Não existe solução mágica, mas os custos dos tratamentos dos lixos são elevados no mundo desenvolvido. A geração de energia e produção de fertilizantes também é custosa e os conjuntos dos benefícios podem acabar se tornando viáveis ou, no mínimo, suportáveis. Não existem alternativas, pois as águas potáveis acabam ficando cada vez mais escassas no mundo.

Depender das precipitações das chuvas deixa a Grande São Paulo permanentemente em elevado risco, como está consciente Jerson Kelman, presidente da Sabesp. O que parece carente é a vontade política de resolver estes problemas, que vai sempre demandar muito tempo. Mas não há alternativas, ainda que as soluções sejam custosas. A incineração do lixo é feita em Tóquio sem nenhum problema, com as usinas aparentando hospitais, sem cheiro ou outras dificuldades.

Estes problemas não podem se restringir ao mandato de uma administração, exigindo que seja tratado ao longo de muitas. Mas uma hora há que se começar algo sério.



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