Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Tardias e Algumas Erradas no Mundo Atual

26 de junho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image001Meus amigos no Japão informam que membros, empresas e indivíduos de entidade como a Associação Nipo-Brasileira ou a Nipo-Latino Americana estão aumentando as participações nas reuniões, apesar das recentes dificuldades nesta parte do mundo.

Procurando incrementar as notícias da Ásia na América Latina e vice-versa

Parece-me que tardiamente e muitas vezes de formas erradas muitos países estão intensificando os relacionamentos com as novas regiões do mundo que estão atraindo populações e atividades econômicas. Os que atuam no sentido contrário, como os Estados Unidos e o Reino Unido, apesar das importâncias que ainda possuem, tendem a reduzir as suas participações tanto econômicas como políticas internacionais.

Alguns países como o Japão que vinha seguindo em termos gerais as orientações dos Estados Unidos vão percebendo que precisam incrementar suas atividades globais, inclusive transferindo as sedes das suas empresas multinacionais para lugares como a Europa, absorvendo executivos formados em outros países, numa mudança de orientação difícil para os japoneses. Caso contrário, ficaria condenado a um processo semelhante ao que está ocorrendo com o Reino Unido em cujo império o Sol nunca se punha no passado, mas que está perdendo a sua importância mundial de forma significativa.

Os japoneses, adotando uma cultura consolidada num arquipélago, ao longo do tempo nunca tiveram habilidades para se tornar um império de importância mundial e quando participou da Segunda Guerra Mundial foi em grande parte obrigado, pois imaginava que seu Eixo da Prosperidade poderia se estender pelo Sudeste Asiático, avançando também em direção à Mongólia, numa pretensão no mínimo regional. Derrotado militarmente na Guerra e recuperando-se economicamente com a ajuda parcial do Plano Marshall, imaginaram que poderiam ganhar importância mundial continuando a adotar seu padrão japonês e não do mundo globalizado. Incidiu em muitos erros pela falta de compreensão adequada das culturas locais e diferenciadas nos seus empreendimentos no exterior.

Ainda que tardiamente, os japoneses vêm procurando corrigir agora suas limitações com muitas dificuldades, mas ainda são poucas das suas empresas que se tornaram realmente multinacionais. Grandes erros recentes cometidos, inclusive no Brasil e na América Latina, evidenciam todas as suas insuficiências, mas estão procurando corrigir o que percebem como suas falhas, envolvendo especialistas e absorvendo executivos de diversas origens internacionais para funções de importância para suas organizações.

Ainda tenderão a cometer muitos erros, mas começam a reconhecer suas limitações, o que realmente aparenta ser algo positivo, um primeiro passo. Vai levar muito tempo para este duro aprendizado, devendo reconhecer que outros seus vizinhos asiáticos possuem mais habilidades para atividades comerciais internacionais. O Japão deu exagerada importância às suas atividades nobres como a dos samurais, considerando os comerciantes como classes inferiores que se dedicavam às conquistas de valores materiais. Hoje, parece que muitas de suas empresas estão sendo adquiridas pelos empresários dos países vizinhos, como chineses ou hindus, que seguem a pegada dos árabes e judeus.

Também os europeus tiveram períodos em que seus nobres eram cavaleiros que tendiam a combater os infiéis, enquanto os gentios desenvolveram o Império Otomano ocupando por séculos parte importante da região mediterrânea de forma mais pragmática levando novas tecnologias para aquela parte do mundo.

Hoje, a importância do desenvolvimento tecnológico parece dominar a eficiência das organizações econômicas. Na medida em que o Ocidente vai perdendo espaço para asiáticos, como chineses e hindus, parece que o mundo vai adquirindo faces mais semelhantes de parte da Ásia. Mas não parece existir um determinismo histórico e o mundo globalizado pode ser uma fisionomia mais universal.

Parece indispensável que países de grandes dimensões geográficas não fiquem imaginando que podem dispor de tudo dentro dos seus limites geográficos. As melhorias nas comunicações reduziram a importância das distâncias e parece que todos nós ocupamos uma aldeia global. Espera-se que os brasileiros tenham consciência dessa dura realidade.

Países de grandes dimensões geográficas, como o Canadá e a Austrália, estão recebendo grandes contingentes populacionais qualificados. O Brasil deveria ter a consciência que poderia ser parte deste grupo, com a vantagens de contar há mais de um século com imigrantes de muitas origens tendo a capacidade de miscigenação com os nativos e contingentes provenientes da África. Parece que precisamos meditar mais seriamente sobre estas possibilidades, sem permanecer deitados eternamente em berço esplêndido…



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