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Armínio Fraga Escreve Sobre Roberto Campos

14 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Por mais que as pessoas escrevam recomendando ações que possam ser boas, quando se trabalha com a dura realidade só se pode fazer parte do que seria recomendável.

Roberto Campos, um brilhante intelectual, que acabou ficando frustrado com o que pôde fazer

Meu conhecimento pessoal de Roberto Campos só ocorreu quando ele já era ministro do governo Castelo Branco, quando fui ajudá-lo em funções subalternas no Ministério do Planejamento comandado por ele. Também como brilhante diplomata que era ocupando a Embaixada de Londres. E depois como deputado federal pelo Estado de Mato Grosso, quando o ajudei na sua campanha eleitoral. É evidente que conheço parte substancial do que ele deixou escrito, além das medidas modernizadoras quando partilhava com o ministro Octávio Bulhões o comando do governo no setor econômico.

Nascido modestamente no Mato Grosso, com sua capacidade como diplomata conseguiu negociar com os Estados Unidos as compensações importantes dos norte-americanos que iniciaram a verdadeira industrialização brasileira, com a participação do Brasil com os aliados na Segunda Guerra Mundial. Conseguiu que fossem dadas todas as condições para a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional.

Quem realmente comandava a equipe econômica do governo Castelo Branco era Octávio de Bulhões, que ocupava o Ministério da Fazenda. Mas era Roberto Campos que introduzia as muitas inovações da época que alteraram a forma de atuação na economia brasileira. Mesmo num regime autoritário não havia possibilidade de executar tudo que se sonhava.

Quanto ocupava a Embaixada de Londres, Delfim Netto, a quem sempre fui subordinado, ocupava a Embaixada de Paris e eram constantes os intercâmbios entre as duas importantes capitais europeias.

Na sua campanha eleitoral para deputado federal por Mato Grosso, ficou evidente que mesmo um brilhante intelectual tinha que se adaptar à dura realidade política brasileira. Cheguei a subir com ele num caminhão para solicitar aos beneficiados pelo Incra que eu presidia para votar neste brilhante candidato, recebendo o elogio que ele não conhecia esta minha característica pessoal.

Roberto Campos e Delfim Netto foram companheiros na Câmara dos Deputados e no Congresso Nacional e tinham que se ajustar à dura realidade política brasileira onde nem tudo que pensavam poderiam ser aprovados. Daí parte da frustração registrada por Armínio Fraga, cujo artigo foi publicado no Suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico. Mas, muito do que foi possível se deveu às suas brilhantes contribuições.



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