Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Difícil Absorção de Bons Trabalhadores Estrangeiros no Japão

22 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um artigo publicado no Nikkei Asian Review informa que, apesar das declarações públicas das autoridades e dos empresários, a ascensão social e empresarial de bons trabalhadores estrangeiros continua sendo difícil, na prática, naquele país, onde o corporativismo tem uma grande força.

O pesquisador taiwanês Yang Pin-chu não conseguiu prosseguir com suas pesquisas numa empresa japonesa. Foto publicada no Nikkei Asian Review

O Japão afirma que os bons trabalhadores estrangeiros são indispensáveis para o seu desenvolvimento e não se destina somente a suprir as carências atuais do país em recursos humanos. No entanto, verificam-se casos de trabalhadores estrangeiros qualificados que atuam naquele país, onde muitos acabam se frustrando ou se empregando em outras empresas estrangeiras que atuam no Japão.

Num país que não tem a longa tradição de absorver muitos estrangeiros, mesmo de forma surda, as empresas japonesas acabam cedendo às pressões naturais dos grupos que dominam seus escalões intermediários, onde ainda o tempo de serviço vitalício tem a sua importância, mesmo que do ponto de vista ideal tente-se a sua redução, para atuarem como organizações globalizadas. Quando isto ocorre no exterior, como nos Estados Unidos e na Europa, parece que o processo acaba sendo mais efetivo, mas não se pode subestimar a força do corporativismo nestas organizações, quando os comandos ainda estão no Japão. Em países relativamente novos, como a atual Cingapura, onde muitos estrangeiros estão trabalhando este processo, aparenta ser mais fácil de ser resolvido.

Este tipo de assunto tem merecido estudos como da London School of Economics, onde a antropologia organizacional procura esclarecer como os grupos funcionam dentro de uma companhia, dificultando fusões e incorporações, pois os grupos originários das organizações anteriores continuam mantendo suas forças. Isto é expressivo no Japão, onde colegas de Universidades, províncias de origem e outros fatores contribuem sobremodo nestes comportamentos coletivos, por mais que se tentem globalizações e a criação de novas culturas empresariais, com a valorização dos méritos individuais.

Sempre existem honrosas exceções para confirmar a regra. Também cada caso parece ser diferente, pois o Japão passa por mudanças simultâneas, como as valorizações dos trabalhos das mulheres que estão ascendendo para posições mais relevantes. Como parece que a população japonesa vai continuar diminuindo por décadas, os japoneses precisam superar estas dificuldades, não subestimando suas dificuldades. É evidente que estes problemas são mais fáceis nos grandes centros urbanos, mas o Japão continua tendo um desenvolvimento regionalmente distribuído por outras cidades de porte médio e pequeno, onde muitos custos são mais baixos.

Todos sabem que em qualquer país existem barreiras linguísticas e culturais, sendo que os estrangeiros contam com dificuldades adicionais. Mas também existem casos de destaque onde os estrangeiros apresentam contribuições visíveis, que acabam sendo admitidos por todos. Há que se reconhecer que o Japão se manteve mais isolado que a média de outros países, mas nações como a China estão superando estes problemas com zonas especiais para atividades relacionadas com operações internacionais, como também se tenta no Japão com menor ênfase.

O Brasil necessita absorver as soluções que foram adotadas em outros países e seria desejável que a disseminação das zonas especiais fosse mais acelerada, apesar das resistências locais em muitos casos concretos.



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