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Lições de Michael Muthukrisna Sobre Corrupção

10 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002 Uma entrevista concedida à Estelita Hass Carazai pelo professor Michael Muthukrisna, da London School of Economics, mostra quanto complexo é o problema de combate à corrupção. Ela foi publicada na Folha de S.Paulo devendo ser considerada um subsídio para a sua compreensão, pois não esgota o assunto. Ela decorreu de um artigo deste professor publicado com o título “Nature Human Behaviour”.

Michael Muthukrishna, nascido no Sri Lanka, morou em diversos países, é professor na London School of Economics e especialista em Psicologia Econômica

A transparência é um instrumento que pode ajudar no combate à corrupção em determinadas circunstâncias, segundo o entrevistado, pois se não houver condições para que os cidadãos enriqueçam e que o poder público seja eficiente neste combate, pode se generalizar a concepção de que todos são corruptos, concluindo-se que beneficiar o seu grupo seja legítimo. A corrupção pode, segundo ele, começar a generalizar-se por pequenos atos ilícitos como se observa no Brasil. No fundo, trata-se de criar uma cultura que condene alguns dos que os praticam, como exemplo para todos.

Pode ser que a Lava Jato ajude o Brasil a reduzir a corrupção, na medida em que todos condenem estes atos, pois é inerente aos seres humanos procurarem proteger os mais chegados, como seus familiares. O que parece desejável é que os meios de punição também estejam claros na legislação e as autoridades usem os meios indiscutíveis para a sua apuração, pois algumas coações sobre cidadãos que acabam delatando criminosos podem dar a impressão de luta de uns grupos contra outros. Há que se consolidar uma cultura do que seja claramente condenado, o que ainda exige aperfeiçoamentos no caso brasileiro, bem como as reduções razoáveis das penalidades dos delatores.

Este assunto merece ainda muitos estudos em diversos países para se chegar a uma razoável teoria do que seriam medidas adequadas para a redução da corrupção. Não se pode basear somente num número limitado de casos, pois as circunstâncias podem ser importantes e nem sempre observadas em todos os casos. Avanços ocasionais podem trazer frustrações se não proporcionarem melhoras sensíveis ao longo do tempo para a sociedade.

No caso brasileiro, ainda estamos num período de muitas ebulições sem que haja um razoável consenso que não se trata de lutas de alguns grupos políticos contra outros. Ainda não parece que todas as circunstâncias relevantes estejam claras, mesmo que se admita a promiscuidade de interesses de grupos privados para se conseguir de autoridades vantagens determinadas. Pode-se acreditar que avanços estão sendo obtidos no combate à corrupção, mas é preciso que fique claro que as autoridades que cometeram irregularidades, todas sem exceções, sejam punidas ainda que num prazo razoável, pois alguns acabam sendo absolvidos inclusive por decurso de prazo dos seus crimes.



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