Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Política Econômica no Japão

28 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um artigo de Tatsuya Sasaki, publicado no Yomiuri Shimbun, discute sobre o aumento do endividamento público japonês e a conveniência de uma reforma fiscal, quando se deseja aumentar o crescimento de sua economia.

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Gráfico que mostra o crescimento da despesa pública do Japão, enquanto a receita tributária não cresce, como no Brasil, constante do artigo no Yomiuri Shimbun

O Japão já vem discutindo há anos a necessidade de uma reforma fiscal que aumente a sua arrecadação, mas não se atinge um consenso, pois sua economia vinha crescendo modestamente e o desenvolvimento deste ano, relativamente elevado, não parece sustentável. O Prêmio Nobel e professor Chistopher Sims, da Universidade de Princeton, entende que numa economia sem inflação, onde os juros é zero, não há necessidade de reforma tributária para aumentar a sua arrecadação. Outros não concordam com esta opinião. De outro lado, o débito público do Japão já é dos mais elevados entre os países desenvolvidos.

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Gráfico comparando do endividamento público japonês em relação ao PIB com os dos demais países, constante do artigo no Yomiuri Shimbun

Evidentemente, uma política monetária expansionista é temida pela possibilidade de uma inflação mais elevada, ainda que o Japão venha tentando uma meta de 2% ao ano, que não consegue atingir. Há que se considerar que parcela importante do Japão é constituída por uma população idosa, que no total está se reduzindo. Não se consegue que o consumo local se eleve e o risco de uma inflação descontrolada é muito difícil de ocorrer, mesmo a elevação da tributação que, rejeitada pela população, não vem se transferindo para os preços.

É claro que um endividamento público crescente é sempre preocupante, ainda que seu custo seja modesto com juros zero e seja financiado internamente. Se a política monetária expansionista vier a provocar uma inflação acima da meta, ela poderia ser revista, mas esta possibilidade parece remota no momento, pois, com a população decrescente e idosa, seus consumos tendem a ser modestos. Não há demanda para novas habitações, que já estão sobrando e, sem elas, o consumo de eletrodomésticos e todos seus mobiliários novos continuam baixos. Mesmo os jovens, cada vez em menor número, não estão se casando e constituindo família e seus consumos são baixos, sem filhos para serem educados.

A situação japonesa é totalmente diversa dos países emergentes, onde a população continua crescendo e as propensões ao consumo são elevadas. O que vem sustentando o consumo interno do Japão são os turistas estrangeiros. Tratando-se, também, de um país de relativamente pequena dimensão geográfica, com muita de sua infraestrutura já suficientemente construída, não se conta também com muitas demandas, salvo para inovações na sua economia. Portanto, parece que os efeitos da monetização de parte de sua dívida pública seriam menos danosos comparados com os de outros países, notadamente os emergentes.

Ainda que também o Japão tenha seus problemas, eles não aparentam ser tão graves como de outros países, mas são de natureza diferente das economias de outras partes do mundo, havendo movimentações dos jovens para a sua inserção mais acentuada no resto do universo.



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