Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Sobre a Recuperação do Brasil

17 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Como muitos veículos de comunicação social do exterior, The Economist baseia-se em informações do setor financeiro, ressalvando que existem muitos obstáculos ainda a serem vencidos.

Charge publicado na última edição do The Economist

Se a atual situação brasileira é de extrema complexidade para a compreensão dos analistas brasileiros, quando uma revista como o The Economist se baseia em informações superficiais dadas por operadores do mercado financeiro, o quadro fica mais difícil. O que acaba exigindo um hedge, ressalvando que existem muitas possibilidades diferentes que podem proporcionar uma recuperação lenta nos próximos anos. Como as dificuldades estão no campo político e da administração pública, inclusive do Judiciário, as incertezas acabam sendo maiores, dependendo das diferenças ideológicas dos analistas.

O artigo começa pela análise feita pelo FMI que prevê um crescimento muito modesto de 0,3% neste ano, com um desemprego elevado de 13% e um déficit fiscal que está se agigantando, chegando a 9% do PIB. As receitas são insuficientes para atender os encargos das despesas, admitindo-se uma elevação do déficit que vai implicar num aumento do endividamento, não permitindo uma esperada queda dos juros reais. A Previdência Social continua consumindo uma enormidade de recursos e não existem perspectivas de uma reforma significativa que deveria atingir os altos funcionários públicos. Em condições normais, os operadores do setor financeiro deveriam estar extremamente preocupados, como algumas agências de rating, mas a bolsa continua crescendo, ao mesmo tempo em que o real se valoriza. Analistas mais experientes recomendam cautela, pois o quadro político é somente de preocupação com suas vantagens e as condições de reeleição no próximo ano.

A revista informa que o mercado de minérios continua bom, os preços das commodities agrícolas também, mas não consideram o que está acontecendo com os concorrentes dos brasileiros que estão aumentando suas produções, devendo provocar a queda dos preços, que também atinge o setor de petróleo e gás.

Lamentavelmente, no Brasil todos os partidos estão divididos, não havendo uma definição ideológica, com tantos que incluem membros de diversas posições diferentes, preocupados com seus benefícios ou de seus grupos de apoiadores, como os ruralistas, as igrejas evangélicas ou operadores como do setor de saúde. Não existe segurança suficiente para que investimentos sérios sejam assumidos, por ora.

A revista acredita que o déficit ficará congelado pelos próximos 20 anos em termos reais, o que parece uma história de criança. Se os anos futuros serão menos dourados, também é um otimismo que não inclui a possibilidade da volta da inflação e da recessão, que sempre pode ocorrer, mesmo que não se deseje ser pessimista. É natural que os estrangeiros imaginem que existem muitos partidos no Brasil, mas são conglomerados de membros que nem pensam de forma semelhante.

Fala-se em personalidades atuais da política, quando uma possibilidade é de forte renovação com o surgimento de novos nomes, com todos os seus riscos, se algo semelhante acontece até nos Estados Unidos. Possivelmente, há uma dificuldade para se entender tanto os partidos como as equipes que não se mostram preparadas para propor reformas de razoável qualidade. Como termina o artigo, tudo está longe de ser certo, infelizmente, mesmo que existam muitos fatores que devam ser considerados positivos.



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