Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Preparo de Dirigentes de Grandes Países

8 de setembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

clip_image002Ainda que não se deva conceder a exclusividade para qualquer preparação profissional, a história de muitos países mostra que a administração de uma grande nação recomenda a conveniência da adequada formação de muitos de seus dirigentes.

Os mandarins, para ajudar na administração da China, começaram na Dinastia Zhou em torno do ano 605 e eles eram classificados por categoria, escolhidos pelos seus méritos

Por cerca de 1.300 anos, a China veio contando com o auxílio dos mandarins para ajudar o Imperador a administrar o chamado País do Meio. Eles eram escolhidos por rigorosos exames sobre seus méritos e classificados por categorias para o desempenho de suas funções. Tudo indica que isto funcionou de forma adequada na antiguidade, pois um dos maiores estudiosos da China, professor Joseph Needham, da Universidade de Cambridge, que publicou uma das mais completas obras sobre aquele país, “Science and Civilization of China”, aponta que as principais invenções da humanidade ocorreram por lá.

Outro país, o Japão, na Era Meiji (a partir de 1867), criou as Universidades Imperiais, como a Universidade de Tóquio, para a formação de sua elite empresarial, da administração pública e da política. Mesmo derrotado na Segunda Guerra Mundial, firmou-se como um dos mais importantes no mundo. Na Alemanha, organizou-se a Escola Fazendária que preparava a elite dos administradores públicos e que inspirou a mesma no Brasil durante o regime autoritário. Na França, a ENA – Escola Nacional de Administração, organizada em 1945, até hoje prepara seus principais dirigentes privados e públicos, entre eles muitos presidentes e primeiros-ministros, de diversas orientações ideológicas não somente à França como a outros países, tornando-se um modelo que é considerado em todo o mundo.

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A unidade de Análise da Gestão Pública da ENA na França

Os militares em muitos países, durante as suas carreiras, passam por muitos cursos importantes para se candidatarem às promoções relevantes. No Brasil, começam, no caso do Exército, na Academia das Agulhas Negras para se tornarem oficiais, depois passam pela Escola de Aperfeiçoamento para terem facilitada a promoção a major, outros para ficarem habilitados à promoção a coronel com o curso de Estado Maior e finalmente para serem escolhidos como oficiais generais. Alguns ainda fazem a Escola Superior de Guerra, sendo que alguns destes cursos têm mudado de denominação. No caso brasileiro, o presidente Ernesto Geisel se posicionou contra o desenvolvimento da Escola Fazendária que poderia permitir civis concorrerem com os militares que já possuíam outros cursos.

O que parece acontecer é que muitos funcionários públicos de elite simplesmente efetuam concursos de ingresso sem que sejam avaliados na sua evolução durante a sua carreira, além do tempo de serviço, notadamente na sua capacidade de gestão que não costuma ser fácil. Muitos, infelizmente, acabam se concentrando nas suas vantagens pessoais. Os problemas nacionais costumam apresentar grande complexidade, que, além das formações específicas nas suas especialidades, exigem capacidade de comando, comunicação e habilidades políticas, sendo conveniente que tenham uma ampla formação humanística.

Parece que na administração pública existe um exagero de cargos de livre nomeação de funcionários pelos dirigentes políticos nos cargos chamados DAS, que não exigem nem concursos e mal estão presentes mesmo nos horários de expediente. Em alguns setores, muitos cargos exigem funcionários de carreira que lamentavelmente não são avaliados pelos seus desempenhos.

São problemas difíceis de serem mudados na atual situação política brasileira, mas sem um adequado aperfeiçoamento os assustadores déficits públicos continuarão a se ampliar, reduzindo a capacidade de investimentos e elevação das pesquisas que possam promover o aumento de eficiência da economia brasileira. Mas já houve casos no passado em que se registrou um aumento de eficiência mesmo em setores antigos da administração pública onde estavam presentes interesses ideológicos relevantes. Desejando-se politicamente, existem sempre possibilidades de aperfeiçoamentos.



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