Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Donald Trump na China

9 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um artigo de Andrew Browne do Dow Jones Newswires, reproduzido no Valor Econômico, informa que aliados dos EUA temem que Donald Trump e Xi Jinping acabem criando o G2, marginalizando os demais países das decisões relevantes para o mundo.

Casal Donald Trump com o casal Xi Jinping em Beijing

Enquanto o polêmico Donald Trump visita a China, encontrando-se com o poderoso Xi Jinping, que concentra fortemente o poder no seu país, analistas internacionais se preocupam que os dois mais poderosos líderes mundiais acabem criando uma espécie de G2 para resolver seus principais problemas. Isto decorre do reconhecimento que o emocional presidente dos Estados Unidos não conta com a clara liderança de outros países importantes, enquanto Xi Jinping concentra fortemente o seu poder no comando da China, confirmado recentemente pela reunião do PC Chinês.

Sente-se que Donald Trump fica enrolado com discursos veementes, difíceis de terem consequências práticas, enquanto Xi Jinping já vem instalando no Mar Sul da China diversas ilhas que comportam aeroportos militares, com a desculpa que está criando condições para o controle das rotas importantes para o abastecimento da China, com a ampliação de suas influências internacionais. Deve-se reconhecer que a formação de um razoável consenso entre os aliados naturais dos Estados Unidos é uma tarefa de extrema dificuldade, enquanto a China sozinha já tem uma importância internacional para determinar uma parte substancial da política mundial. Não existem poderes internos naquele país para contestar Xi Jinping.

A tendência é polêmica em assuntos como a preservação do meio ambiente no mundo, colocando em situação frágil o Acordo de Paris. Não há consenso no uso da força nuclear para evitar outros países menos influentes no mundo, como a Coreia do Norte ou o Irã, sem que medidas práticas possam ser tomadas para reduzir os riscos de grandes desastres. Sem a participação chinesa nestas questões cruciais, as decisões mundiais acabam ficando fragilizadas. Há um visível desequilíbrio entre os dois líderes que se encontraram na China, o que permite aos chineses consolidarem suas vantagens no atual cenário internacional.

Mesmo que a economia mundial dê sinais de um crescimento razoável, os dados chineses mostram que sua participação continua aumentando no mundo. Há sinais que a Ásia tornou-se a locomotiva das mudanças que se processam por toda a parte do universo, sem que os Estados Unidos possam impor condições mais convenientes neste difícil convívio.

Tudo indica que a China tirará o máximo partido da presente situação, sem grandes alardes, enquanto os Estados Unidos, mesmo com manifestações estridentes, não dispõem do poder de fato para conseguir um melhor equilíbrio mundial. Sente-se um crescente aumento do poder internacional da Ásia neste cenário, o que não contribui para um quadro conveniente para o mundo, lamentavelmente. Cada vez mais, consolida-se a China como os Países do Meio, onde as demais nações terão que se curvar a uma situação de fato, mesmo com todos os protestos de inconformidade.

Do ponto de vista do equilíbrio comercial, os Estados Unidos dispõem de armamentos que deseja vender não somente para os japoneses. Mas não o pode fazer para os chineses, dispondo somente da possibilidade de vendas de produtos agropecuários, enquanto continua importando bens industriais. O setor de serviços dos Estados Unidos não interessa aos chineses. Assim, parece que só restam entre os dois países declarações que aparentam mais serem “lips service”, sem nenhum efeito prático.



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