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Preciosos Artigos Sobre os Primeiros Jesuítas na China

27 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001 Os documentos escritos sobre os jesuítas no Extremo Oriente no século XVI até XIX são mais conhecidos pela curta permanência no Japão por todos eles terem sido perseguidos e muitos mortos dramaticamente crucifixados, mas pouco se divulga sobre a importância deles na China, onde tinham a base principal em Macau.

Mapa da viagem de Matteo Ricci, que se acredita ter sido o primeiro jesuíta n China no século 16, constante nos artigos publicados no China Daily

A preciosa documentação levantada pela professora Li Xiumei, do Instituto de Administração de Pequim, sobre os jesuítas na China é impressionante, dela constando muitos retratos pintados dos principais jesuítas que estiveram do século 16 a 19 na China. Um dos locais visitados pela pesquisadora foi o cemitério onde estão as lápides de muitos destes missionários que recebem a missão de levar o Cristianismo ao Extremo Oriente, notadamente à China. Sabe-se que também desempenharam papeis diplomáticos, de intercâmbio cultural e comercial, levando a Companhia de Jesus às primeiras operações de comércio com os chineses e os japoneses. Os jesuítas eram de muitas origens, portugueses, espanhóis, italianos e franceses, entre outros, somando mais de mil enviados.

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Foto da professora Li Xiumei que visitou muitas vezes os túmulos de missionários jesuítas na China. Foto constante do China Daily

Pelo que se conhece de diversas fontes, o primeiro jesuíta que recebeu a missão de ir à China foi o italiano Matteo Ricci, que foi retratado como abaixo.

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                                Retrato do jesuíta Matteo Ricci que se instalou em Macau

Como se sabe, a Companhia de Jesus foi organizada pelo espanhol Inácio de Loyola e seus membros são conhecidos como jesuítas. Os depoimentos de Li Xiumei informam que Francisco Xavier foi um dos primeiros mandados para o Extremo Oriente, mas ela diz que ele faleceu na ilha chinesa de Shangchuan. Mas parece que os japoneses o consideram como dos primeiros que chegaram ao Japão, atribuindo-lhe grande importância, como na preocupação com o meio ambiente e os animais.

Li Xiumei informa que no cemitério o lugar de honra é ocupado por Matteo Ricci, ficando a sua direita o túmulo do alemão Johann Adam Schall, que parece ter desempenhado um papel importante. À direita está o tumulo do belga Ferdinand Verbiest que se tornou um mentor de fato de Kanxi, um imperador chinês que teria vivido na época de Luís XIV, na França, que ficou conhecido como Rei Sol.

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Retrato do jesuíta Schall von Belt sugerindo conhecimentos científicos, que teriam sido intercambiados com os chineses, constante do China Daily.

O que aconteceu no Japão difere um pouco com o caso na China, pois os jesuítas foram considerados com precursores do domínio político e militar, o que desencadeou a perseguição aos cristãos no país. Na China, parece que os jesuítas tiveram possibilidade de promover intercâmbios importantes também na área cultural, continuando com suas influências até a primeira metade do século 20. No Japão, também alguns jesuítas tinham se tornado conselheiros de senhores feudais convertidos, mas os receios de objetivos militares acabaram provocando o isolamento do país por alguns séculos, com a violenta perseguição aos convertidos.

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Retrato do jesuíta belga Fernand Verbiest, que se tornou conselheiro do imperador da China, constante do China Daily

Zhang Xiping, professor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, enfatiza o intercâmbio cultural dos jesuítas como uma ponte entre o Ocidente e o Oriente em muitos estudos publicados. Desde Matteo Ricci, os jesuítas estudaram, em Macao, o idioma chinês para poder, com flexibilidade, atuar além das áreas religiosas. Eles entendiam que tinham que conquistar a admiração dos chineses para terem oportunidades de evangelização. No Japão, as técnicas de pintura dos portugueses influenciam até hoje os artistas japoneses, além de muitas palavras portugueses terem sido adaptadas para uso naquele país.

Um dos aspectos que impressionaram os chineses teria sido o telescópio dos jesuítas, que permitia observar o firmamento. Também o relógio dos europeus parece ter feito sucesso, despertando curiosos casos de precaução para não perderem a sua propriedade. Eles tinham a consciência que só poderiam conquistar os chineses na medida em que tivessem conhecimentos, em alguns setores, onde superassem o que os chineses já conheciam e que tinha sido acumulado por milênios.

Os jesuítas franceses ajudaram a melhorar a cartografia chinesa, usando conhecimentos de latitude e longitudes com observações astronômicas, mas tomavam o cuidado de não contrariar os chineses, como nos conhecimentos dos calendários que diferem dos ocidentais.

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Foto da primeira igreja católica construída em 1680 em Pequim publicada no China Daily

Nem tudo foi muito tranquilo nos relacionamentos dos jesuítas com os que pertenciam à aristocracia chinesa, havendo casos de diferenças culturais que foram considerados ofensivos pelos chineses, mas os jesuítas que tinham acumulado conhecimentos em todo o mundo sabiam como tinham que ser flexíveis em alguns casos, para não agravar alguns relacionamentos.

Pouco se sabe, nestes artigos, sobre o que os jesuítas aprenderam dos chineses, havendo poucos trabalhos como o abaixo onde um pintor registrou alguns aspectos da corte. O que parece importante é que nas lápides nos cemitérios constam inscritos os feitos mais marcantes de alguns jesuítas, que estão mais preservados do que documentos em papéis.

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Parte de uma pintura do jesuíta Giuseppe Castiglione que mostra a uma saída real de uma localidade em foto constante do China Daily

Este artigo refere-se ao Extremo Oriente com destaque à presença dos jesuítas na China e no Japão. No entanto, eles estiveram também nas Filipinas onde deixaram uma grande influência religiosa, por aquele país ter sido colônia espanhola, como em outros países do Sudeste Asiático, onde os portugueses tiveram grande importância a partir da região próxima à Índia, onde havia algumas áreas onde os idiomas são de Portugal, como em Goa e Timor Leste.



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