Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Com Inteligência Sempre é Possível Surpreender

11 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002 Quando um filme é anunciado como um que trata de um personagem de mais de 90 anos, sozinho, vivendo afastado num pequeno vilarejo quase na fronteira pobre dos Estados Unidos com o México, pode se ter a expectativa de que vai se enfrentar a dura realidade de condições bastante adversas.

Foto do ator Harry Dean Stanton, que faleceu recentemente, no fime Lucky

O filme, com a direção de John Carroll Lynch, merece ser assistido. Ele trata de um tema difícil, como a vida das pessoas de um pequeno vilarejo dos Estados Unidos na fronteira com o México, onde um personagem idoso ateu de mais de 90 anos vive sozinho com seu modesto cotidiano, que tem a consciência de que está chegando ao seu fim. Apesar de fumar em demasia, chegou até esta idade sem maiores problemas de saúde, aprendendo a viver com o mínimo de contato com os demais personagens desta localidade, dentro de uma rotina simples que ele escolheu.

É mais que natural que a expectativa dos que estão na plateia seja de enfrentar um duro drama, mas mesmo com a rudeza de muitas das reações, numa interpretação soberba, também é intermediada por pequenas alegrias surpreendentes que sejam possíveis de serem encontradas num ambiente desta natureza. Sem nenhum artifício forçado que soe falso no contesto total da história.

O seu medo com a situação em que está envolvido é natural, percebido pelos demais personagens que fazem parte do filme, sem nenhuma dosagem excessiva. Mas a situação não é apresentada com nenhuma dramaticidade exagerada, mas a atuação fora de série dos atores consegue dar o recado indispensável com a naturalidade possível.

Tudo isto foi forçado por circunstâncias reais que ninguém poderia ter imaginado. O ator acaba de falecer há poucos dias, com a idade parecida com o do seu personagem. Ninguém poderia contar com este fato. Não existem palavras que possam expressar a qualidade excepcional de sua interpretação no filme, muitas em closes sem os excessos que são explorados em outras produções, tanto em luzes como em cores.

Quando vai se aproximando do final do filme, quando tudo parece conduzir a um impasse que vá conduzindo à necessidade da escolha de um caminho, surpreende-se com uma solução simples, pouco possível de ser imaginada pelos mais criativos cineastas. É claro que sai mais que satisfeito da sessão, mas espero que os leitores assistam ao filme para saber qual foi ela.



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