Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Economia Mundial Melhor do que se Esperava

26 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo publicado por Tatsuya Sasaki no The Japan News mostra que a economia mundial já melhorou em 2017 e pode continuar estimulada no próximo ano, mas como sempre existem riscos que precisam ser considerados. Isto está beneficiando o crescimento da economia brasileira mais do que as medidas tomadas pelo governo local, que se referem somente ao curto prazo.

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                        Gráfico publicado no site do The Japan News

Está ocorrendo no mundo atual uma espécie de ciclo virtuoso de recuperação que beneficia a maior parte dos países, inclusive o Brasil. A locomotiva que está puxando o globo é a China, que surpreende com o crescimento registrado, ainda que reformas importantes estejam em andamento naquele país para depender menos da expansão do comércio exterior. O seu imenso mercado interno está fazendo com que o consumo cresça pela melhoria do padrão de renda de sua população, apesar de todas as turbulências políticas que continuam ocorrendo no mundo, inclusive no Brasil.

O relatório mais global é o World Economic Outlook, publicado pelo Fundo Monetário Internacional, que revisou algumas estimativas feitas para 2017. Ele está estimando que o crescimento de 2017 seja de 3,6%, acima do que era esperado no começo do ano. Os analistas japoneses, principalmente do mercado de capitais, estão indicando este índice para os principais 20 países do mundo, apesar do tumulto com a saída da Grã-Bretanha da Comunidade Europeia e o nacionalismo exagerado dos Estados Unidos com o governo Donald Trump. A recuperação é a mais longa no pós-Segunda Guerra Mundial, superando a de 1965-1970.

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Gráfico publicado no The Japan News mostra que o comércio internacional se recuperou, com o aumento dos bens de consumo e serviços

Houve uma mudança estrutural no comércio internacional, com o aumento de bens industriais e consumo e de serviços, apesar das restrições protecionistas em muitos países do mundo. Os chineses estão estimulando seus vizinhos, a ponto da exportação japonesa de outubro último ter superado em 26% o do mesmo mês do ano passado. O Brasil vem exportando para aquele país minério e produtos agropecuários, quando deveria procurar estimular os produtos industriais de maior valor agregado, mesmo para consumo.

Há certo exagero nas melhorias das cotações nos mercados de capitais, com destaque também para o comércio de produtos eletrônicos, com ênfase nos semicondutores que cresceram 20% com relação ao ano anterior. O uso da internet vem se elevando, inclusive para vendas no varejo. Há quase um consenso que a economia global deva continuar a crescer no mínimo 3% ao ano até 2019, segundo pesquisadores japoneses.

Mas não se pode garantir que tudo será tranquilo, podendo haver alguns solavancos. Reformas são indispensáveis como a redução do sistema bancário de sombra na China, redução da atual liquidez exagerada no mundo, podendo haver flutuações no mercado de capitais, inclusive nas moedas virtuais como o bitcoin. Pode haver uma redução do ritmo de crescimento do comércio internacional, uma redução no comércio de produtos eletrônicos e seus componentes, entre outros muitos problemas, além dos climáticos adicionarem outras dificuldades mundiais.

O Brasil também se beneficiou do que ocorreu no mundo, sem que reformas importantes tenham sido efetuadas, notadamente no estímulo de suas empresas se voltarem de forma mais agressiva ao comércio internacional, pensando num prazo mais longo. Isto já se verificou no passado, sem que as autoridades estejam tomando medidas para um crescimento mais sadio, tornando competitiva a sua produção, inclusive de bens industriais e de serviços. Não se pode depender somente da sorte e do crescimento dos demais países, pois o brasileiro tende a ficar abaixo da média mundial, aumentando a nossa distância com os demais países emergentes. Os discursos podem ser bons, mas parece indispensável caminhar para a ação que não está aumentando a nossa capacidade internacional.



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