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Encerrado 2017, as Atenções se Voltam para o Futuro do Brasil

29 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , , , | 2 Comentários »

Neste encerramento do ano 2017, todos estão torcendo para que o Brasil melhore nos próximos anos, ainda que acabasse ficando bastante fora do foco principal da imprensa internacional. As reformas, como a da Previdência Social, e o quadro político ainda não estão definidos, deixando dúvidas sobre as limitações do que deve acontecer, apesar dos avanços que estão sendo registrados. A melhoria no cenário internacional ajuda o Brasil nas perspectivas futuras, desde que alguns problemas sejam superados.

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Tyler Cuwen, responsável pela visão do Bloomberg, continua considerando o Brasil o país do futuro, acreditando na sua perspectiva

Observando os principais meios de comunicação social do Brasil, que sofreram muito recentemente com a redução das suas receitas de anúncios, nota-se que a sua grande maioria procura uma visão otimista, em parte com as publicidades oficiais maciças, bem como a esperança na volta das publicidades privadas. Apesar dos muitos problemas que ocorreram mundo a fora, os dados confirmam que recentemente a recuperação foi acima da esperada, ajudando também a economia brasileira.

A China continua como a principal locomotiva deste processo, mesmo que também tenha os seus próprios problemas. Xi Jinping continua com forte comando daquele país, devendo conseguir formas que o permitam disputar o seu terceiro mandato em 2023, num regime considerado por muitos como autoritário. O fato concreto é que os chineses contam com formas próprias para resolver seus problemas.

A economia brasileira passou a depender fortemente da China que é um dos principais compradores dos minérios brasileiros como dos produtos agropecuários e os coloca no mercado internacional. Também aquele país se tornou o principal investidor, notadamente nos projetos de infraestrutura do Brasil, como de energia e de transporte. No passado, o Brasil tinha conseguido uma razoável independência até dos Estados Unidos e hoje as autoridades brasileiras parecem temer contrariar os chineses, que podem reduzir seus interesses nos projetos brasileiros ou impor restrições para a importação expressiva dos produtos deste país. O desejável era contar com maior diversificação, para não criar uma dependência que sempre deve ser evitada, mesmo com a grande distância geográfica daquele país asiático.

O governo brasileiro concentra suas atenções para a aprovação da reforma previdenciária no Congresso, ainda que seu alcance ficasse reduzido somente para a elevação das idades no início da aposentadoria no futuro. Todos sabem que o problema principal continua sendo as expressivas diferenças das vantagens dos funcionários públicos, muitos verdadeiros marajás, enquanto se vende que a redução do seu déficit previdenciário depende da grande massa de pequenas aposentadorias dos empregados do setor privado. Muito em breve haverá necessidade de outras reformas neste setor, pois os orçamentos públicos não suportam os déficits que terão que ser arcados com o aumento de idosos com a elevação de suas expectativas de vida.

Já existem soluções que foram adotados como em todo o grupo das empresas elétricas paulistas, onde parte substancial dos seus empregados arcam com custos elevados para contarem com seus altos valores das aposentadorias. Não parece que hajam problemas cruciais para a introdução destes mecanismos com as adaptações indispensáveis.

Todos estão verificando que o quadro político precisa ser alterado, mas como as mudanças dependem do Legislativo, não se consegue formular um mecanismo mais ajustado às necessidades da população brasileira. No atual regime do governo, que seria um misto de parlamentarismo com o presidencialismo oficial, não parece que avanços significativos possam ser alcançados, que prejudiquem as reeleições dos parlamentares. O Brasil precisa optar pelo que é indispensável para o país e não pelo que é conveniente somente para os que vivem à sombra dos parlamentares.

Do ponto de vista econômico, o setor financeiro continua sendo privilegiado tendendo a preservar o seu poder, resistindo à medida que resultem numa regulamentação mais razoável dos fluxos financeiros internacionais. O câmbio continua dependendo mais destes fluxos do que do comércio internacional, bem como a disponibilidade de créditos para as atividades produtivas, que dependem cada vez mais do proveniente do exterior. Existem exemplos em muitos países onde as poucas empresas do setor financeiro não necessitam gozar destes privilégios, podendo obter resultados satisfatórios que interessem ao país.

As pesquisas que ajudam nas localizações de tecnologias que permitam a competitividade brasileira estão sem recursos expressivos, assim como a educação, a saúde e a segurança da população. Mesmo com estas limitações, algumas empresas privadas estão investindo nestas inovações esperando colher frutos num prazo mais longo. Em alguns setores, como o rural, por exemplo, as limitações da Embrapa a transformam em coordenadora de iniciativas privadas. Também em outros setores sociais o envolvimento do setor privado parece estar aumentando, o que é um sinal positivo.

Há que se aumentar a privatização em setores onde as estatais brasileiras ainda possuem uma participação exagerada. Na falta de recursos e tendência para redução dos privilégios dos recursos humanos do setor público parece natural que suas funções tendam a ser exercidas pelo setor privado, em formas variadas. No fundo os problemas que estão sendo enfrentados pelo país, tendem a criar alternativas para a solução dos seus problemas, o que pode ser conseguir com maior eficiência. Mas, há necessidade de agências governamentais que contêm com maior liberdade de ação regulatória e fiscalizadora.

Os problemas que estão sendo colocados acabam forçando a introdução de formas para a sua superação. A observação do que está sendo feito na China, na Índia e outros grandes países emergentes podem sugerir algumas soluções criativas no Brasil. O país conta com muitas condições que superam a de seus concorrentes, como recursos naturais abundantes e humanos de diversas procedências e dotados de elevada criatividade.

Os problemas de sustentabilidade e irregularidades climáticas parecem aumentar no mundo e o Brasil tem melhores condições para superar estes problemas, no amplo território que ocupa nesta parte do mundo. Não podemos agravar os problemas existentes, mas adotar os cuidados para superá-los.

Precisamos ter a convicção que temos todas as condições de ser um país emergente com possibilidade de ocupar uma posição de destaque no mundo, como foi admitido quando da criação do grupo BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Mas, para tanto, é preciso trabalhar com um mínimo de inteligência, não esperando que tudo caia em nossas mãos sem um mínimo de esforço.

Esperamos que em 2018 e nos anos que se seguem o Brasil volte a desempenhar no mundo um papel de importância, para resolver os problemas de sua população como contribuir para a melhoria do padrão de vida no mundo.


2 Comentários para “Encerrado 2017, as Atenções se Voltam para o Futuro do Brasil”

  1. Mauricio
    1  escreveu às 17:45 em 30 de dezembro de 2017:

    Que assim seja Paulo um melhor 2018 para todos nós

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:52 em 2 de janeiro de 2018:

    Caro Maurício,

    Vamos todos nos esforçarmos para que este ano seja melhor do que o passado.

    Paulo Yokota


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