Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Executivos Estrangeiros no Japão

15 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Nagisa Inoue (foto) é uma japonesa formada na famosa Universidade de Hitotsubashi e foi diretora gerente da Goldman Sachs no Japão. Ela escreveu um artigo que foi publicado no Nikkei Asian Review sobre a necessidade de executivos estrangeiros para as empresas japonesas que pretendem atuar no mundo globalizado.

Ainda que muitas empresas no mundo acabem dando alguma preferência ao pessoal aperfeiçoado na própria organização, parece que as japonesas exageram nesta tendência mesmo com objetivo de atuar no mundo globalizado. No Japão, o regime do emprego visando toda a carreira não facilita que talentos de outros países tenham a mesma oportunidade de rápida ascensão, ainda que seus conhecimentos de determinados mercados possam ser utilizados nas estratégias de suas expansões no mundo.

Os salários iniciais dos diplomados em grandes universidades no mundo acabam sendo mais baixos nas empresas japonesas e as ascensões ao longo da carreira são mais demoradas, normalmente seguindo o critério do tempo de serviço e não do mérito. Acaba-se contando com pouca criatividade para estabelecimento de novas estratégias nas empresas de grande porte.

A autora do artigo publicado no Nikkei Asian Review não é radical para ver somente desvantagens nas empresas japonesas, mas admite que no mundo globalizado, com rápidas mudanças, nem sempre essas companhias contam com o dinamismo desejado, mesmo admitindo a cultura de um arquipélago prevalecente no Japão. O que seria desejável seria um sistema misto que tivesse a flexibilidade para aproveitar as oportunidades que vão se apresentando.

Mas ela reconhece que o número de estrangeiros que atuam nas empresas é extremamente baixo, o que também preocupa tanto as autoridades japonesas como seus empresários. Recentemente, vem aumentando o percentual de estrangeiros, bem como de estrangeiros que estudaram no Japão, mas ainda parece insuficiente.

Deve-se reconhecer também que os japoneses têm dificuldades na criação de joint-ventures com grupos estrangeiros, mesmo para atuar no exterior, pois os centros de decisão acabam ficando no Japão quando possuem o controle com a maioria das ações. Os burocratas que cuidam de suas atividades no exterior continuam atuando como tudo estivesse ocorrendo no Japão.

O que aparenta estar em expansão, quando as empresas japonesas visam o mercado mundial, é a mudança de suas sedes para o exterior, contando com maioria de executivos internacionais. Em alguns casos brasileiros também se observam tendências semelhantes, mas há que se reconhecer que as empresas originalmente brasileiras tenham dificuldades semelhantes às das japonesas, ainda que a situação não seja tão grave como a do Japão, cujo mercado interno tem menor potencial de crescimento do que os países emergentes.



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