Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist, Carnaval e Michel Temer

16 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Na edição do The Economist do próximo fim de semana um artigo fala das manifestações populares que ocorreram durante o Carnaval, informando que a simbólica reforma da previdência se torna mais difícil, dado o baixo prestígio do presidente Michel Temer junto à opinião pública.

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Nem sempre mesmo os brasileiros mais esclarecidos são capazes de interpretar por que somente 14% da população são a favor da atual reforma da Previdência Social, que está tornando as contas públicas impossíveis de serem administradas. Na minha interpretação, ela decorre do tratamento extremamente desigual de poucos privilegiados que estão nos setores públicos, Judiciário, Legislativo e Executivo, que arcam somente com uma pequena parcela dos sacrifícios, enquanto a maioria que recebe uma aposentadoria irrisória terá que arcar com o grosso do custo da mesma. A atual versão em discussão é um pobre arremedo para salvar a face do governo que está gastando o que não tem para contar com o apoio da bancada governista. Em poucos anos, outro projeto mais radical terá que ser imposto à população. Daí algumas manifestações transcritas pelo The Economist como “Não toque na nossa pensão” ou “Aqueles que trabalharam toda a vida merecem mais respeito”, que apareceram durante o Carnaval.

Foram intensas as manifestações de insatisfação da população, tanto contra a corrupção como a tolerância dos políticos. A revista interpreta que os parlamentares voltarão a Brasília induzidos por estas manifestações, tornando mais difícil a aprovação mesmo da atual versão da reforma da previdência, que se tornou o símbolo mais forte da intenção governamental que ainda procura disseminar a esperança de mudanças, com uma intensa publicidade que não consegue enganar a ninguém.

A revista destaca que Michel Temer, ao contrário da antecessora, sabe manipular o Congresso, mas não faz nenhuma referência ao assombroso custo. Nem aos custos de longo prazo da atual política econômica que está ampliando a distância do Brasil com os principais países emergentes, como a China e a Índia, que também enfrentam suas dificuldades, mas estão crescendo de forma mais vigorosa.

A perspectiva da eleição deste ano, onde não há por ora um indício seguro do favorito, acrescenta dúvidas políticas ao cenário atual. Não há sinais da elaboração de projetos sérios que enfrentem as dificuldades existentes. O que aconteceu no setor elétrico do Estado de São Paulo, com pesados encargos sobre os que desejam aposentadorias dignas, parece ser uma base para início de discussões mais sérias, sem as quais todos ficam somente preocupados sem atuar no sentido de soluções mais razoáveis. Acima de tudo, há que se convencer a população que não existe milagre…



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