Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Vozes Contra o Aumento de Armamentos Nucleares dos EUA

8 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

clip_image001O jornal japonês Asahi Shimbun publicou um editorial informando que o apoio dado pelo governo japonês à decisão de Donald Trump de aumentar o seu estoque de armamentos atômicos é vender a alma do Japão.

Estima-se 140 mil japoneses morreram em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki

Eu era criança quando ocorreram os bombardeiros atômicos sobre Hiroshima e Nagasaki. Os norte-americanos também não tinham consciência dos danos causados, tanto que muitas revistas da época estamparam fotografias dramáticas da população atingida, que posteriormente foram censuradas. Eu as vi e não restava senão chorar. Fui muito depois visitar o Museu de Hiroshima onde estão expostos materiais e fotos que necessitam de alguém de estômago forte para não se sentir mal. Exercendo um cargo de direção no Hospital Santa Cruz, conheci muitas das vítimas do bombardeio nas quais fazíamos exames periódicos para constatar a evolução dos seus efeitos décadas depois. Quem passou por estas tristes experiências não pode concordar com os horrores provocados pelas armas nucleares, que podem até por engano ser disparados contra populações inocentes. Muitos erros estão sendo repetidos recentemente por militares norte-americanos, provocando até mortes com o choque de navios. Helicópteros militares norte-americanos têm caído sobre o Japão.

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Nos testes das bombas de hidrogênio em Bikini, no Pacífico, os norte-americanos usaram seus soldados como cobaias a distâncias variadas, pois não sabiam quais eram seus efeitos

O editorial da Asahi Shimbun estima que hoje uma bomba de hidrogênio possa provocar a morte de 830 mil vidas, mesmo se lançado por algum erro sempre possível. As Nações Unidas são contra por maioria e a Alemanha está condenando os Estados Unidos pela decisão atabalhoada como sempre de Donald Trump. Porque o governo japonês precisa apoiar a decisão dos Estados Unidos? Incompreensível. Seria possível lançar um destes artefatos sobre a Coreia do Norte? Duvido, pois além de provocar uma crise sem precedente no Extremo Oriente não haveria com justificar esta loucura junto à opinião pública mundial.

O primeiro-ministro Shinzo Abe esteve em Hiroshima com Barack Obama condenando a proliferação de armamentos atômicos em 2016. Durantes anos, anualmente o Japão apresentava nas Nações Unidas uma resolução para a abolição nuclear. O Japão deveria moralmente ter a força para ações diplomáticas de intermediação dos países contra os armamentos nucleares com os Estados Unidos. Pelo visto, o primeiro-ministro acaba de vender a alma do Japão para o diabo.



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