Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Recuperação Parcial da Economia Brasileira

1 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Ainda que o governo anuncie com estardalhaço o início da modesta recuperação da economia brasileira, um artigo escrito por Miriam Leitão e publicado no site de O Globo mostra que, ante a profundidade da recessão que está terminando, os dados não são entusiasmantes, diante da forte flutuação ainda existente e incertezas políticas que agravam o cenário futuro.

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PIB voltou a crescer no ano após duas quedas, de 3,5% em 2016 e 2015 (IBGE), segundo o gráfico publicado no artigo de O Globo

O fato concreto é que o mundo desenvolvido está registrando crescimentos em torno de 3%, sendo que outros países emergentes como a Índia e a China estão com crescimentos acima de 6% ao ano, aumentando a nossa distância com os principais concorrentes do Brasil. Mesmo assim, pode-se afirmar que se trata de um início de recuperação, esperando que possa ser sustentado nos próximos anos. Os primeiros dados deste início de 2018 são preocupantes, pois indicam que o desemprego aumentou no país, ainda que sejam flutuações pequenas.

O que pode ser ponderado é também que este aumento decorreu de um forte crescimento do setor agropecuário, que foi beneficiado na quantidade pelo clima, mas cujos preços não estão sendo tão elevados como se esperava, nem tudo decorrente da política econômica adotada, pelo contrário.

O câmbio valorizado fez com que os produtores rurais arcassem com uma parcela importante da queda da inflação, que não foi programada pelo governo, tendo ficado até abaixo da meta estabelecida. A melhoria da economia mundial também beneficiou o Brasil na exportação de alguns produtos industriais, como os automóveis, ainda que seus modelos não estejam tecnologicamente avançados e se destinem basicamente a mercados sul-americanos.

Os dados macroeconômicos também estão preocupantes, fazendo com que as agências internacionais de rating elevem os riscos representados pelo Brasil, notadamente com a paralisação das reformas programadas que não tiveram avanços, nem mesmo modestos. Muitos fundos como o PIS, o PASEP e o FGTS foram liberados para estimular o consumo, que se antecipou à recuperação da oferta, não podendo ser considerada uma medida sadia e sustentável.

Como não se sabe o que pode decorrer da eleição presidencial de outubro, não se consegue sequer apontar os candidatos que tenham melhores condições para a vitória, que vai exigir correções vigorosas, como apontadas pelo FMI e Banco Mundial. Elas exigem consumos condizentes com as receitas públicas, que implicam em sacrifícios adicionais das famílias brasileiras.

Tudo isto parece indicar que a publicidade do governo, ainda que ajude a aumentar o otimismo da população, parece exagerada comparada aos avanços reais da economia brasileira. Parece que o mais adequado seria afirmar que ela deixou de piorar.



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