Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Aumento Perigoso das Rivalidades dos EUA e China

19 de outubro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image001Analistas internacionais experientes, como o professor Delfim Netto, vêm com crescentes preocupações o aumento de tensões que está ocorrendo entre os Estados Unidos e a China, que acaba afetando o mundo todo. A revista internacional The Economist dedica sua capa da próxima edição do fim de semana para o assunto, com dois artigos profundos que merecem a atenção de todos.

Capa do The Economist para o seu próximo número

Além da velocidade de crescimento da economia chinesa continuar superior a dos Estados Unidos nos últimos anos, mesmo com os problemas da exatidão das estatísticas de contas nacionais da China e o elevado nível de endividamento das províncias chinesas que preocupam o mundo todo, o assunto chamou a atenção de todos. Foi descoberta a existência de um pequeno chip chinês que permite espionar o que está sendo feito por importantes empresas norte-americanas e de outros países, notadamente no desenvolvimento de novas tecnologias. Os investimentos militares chineses estão aumentando a sua presença nos mares próximos da China. Já não se fala em cooperação, mas destacam-se os conflitos de interesse entre os dois países.

Os Estados Unidos receberam muitos estudantes chineses em suas universidades, mas agora já existem resistências abertas para tanto. A administração de Donald Trump tem três coisas como certas. A América precisa ser forte, seus interesses nacionais se sobrepõem aos comerciais de muitas suas empresas e as tecnologias avançadas são relevantes. As restrições comerciais continuarão a ser utilizadas por ambos os países.

Os Estados Unidos necessitam de uma estratégia clara, não se restringindo a táticas. As influências chinesas no mundo continuaram aumentando e isto afeta os interesses norte-americanos, exigindo novas posições dos seus aliados. A guerra comercial continuará intensa e ambos os lados estão providenciando o abastecimento de suas necessidades, não se restringindo somente ao uso das tarifas. Os Estados Unidos estão enfatizando o patriotismo, rejeitando a globalização, nos mais variados setores e frentes.

No passado, a distância entre os Estados Unidos e a China era expressiva, mas veio se reduzindo nos últimos anos, ameaçando a posição dos norte-americanos, exigindo novas colocações para não serem superados em breve. Os chineses possuem uma posição clara do que almejam para o futuro da sua economia, com o chamado Made In China 2025.

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Alguns crescimentos chineses comparados com os Estados Unidos. Gráfico constante do artigo do The Economist, que vale a pena ser lido na íntegra

O crescimento da presença militar da China nos mares próximos daquele país está aumentando, com a desculpa que se trata de assegurar o seu abastecimento. Mas muitos a avalia como objetivos militares, criando bases novas para o uso de sua marinha de guerra, como dar suporte para as suas forças aéreas. Os chineses alegam que não tomam iniciativas para aumentar as tensões e que isto vem sendo consequência das medidas norte-americanas, principalmente da guerra comercial.

Em condições normais, as tendências deveriam ser de procura de entendimentos visando o esvaziamento das tensões, mas há indicações que existem poderosos setores norte-americanos visando a retomada da importância dos Estados Unidos no mundo e na Ásia, inclusive do ponto de vista econômico.

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Mapa constante do artigo no The Economist

A alegação do governo Donald Trump é que as administrações anteriores dos Estados Unidos permitiram que sua importância no mundo viesse se reduzindo, havendo necessidade de esforços para a recuperação do poder perdido, para manter os Estados Unidos como o líder do mundo democrático.

Muitos analistas vêm à situação como inevitável, pois os chineses também não respeitam algumas regras como as da Organização Mundial do Comércio, respeito às propriedades intelectuais, como as patentes, gerando uma concorrência que não é totalmente leal. Isto tudo conduziria para o aumento das tensões no mundo, inclusive do ponto de vista militar.



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