Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Conveniência de Baixar a Atual Poeira

2 de novembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um artigo publicado por Breno França no site do IG lembra que Jair Bolsonaro (foto) não é o primeiro político brasileiro eleito depois do fim do regime autoritário que não teve uma experiência importante no Executivo, lembrando os casos de Fernando Collor de Melo, de Itamar Franco, de Fernando Henrique Cardoso, de Lula da Silva e Michel Temer. No entanto, uma discussão bastante polarizada continua ocorrendo na imprensa, não concedendo ao eleito com larga margem um mínimo de tranquilidade até a sua posse e os primeiros meses de sua nova administração. É verdade que Jair Bolsonaro fez muitas declarações polêmicas durante a sua campanha eleitoral, criando atritos até com a imprensa, mas agora se trata de assuntos do novo governo que são diferentes.

É verdade que o Brasil passa por um período de profunda crise onde parte substancial da imprensa também está enxugando suas despesas, contando com jornalistas mais novos, o que vem acontecendo também no mundo. A intensificação dos usos dos meios eletrônicos está exigindo ajustes importantes na imprensa escrita, como televisionada e que usam rádios tradicionais. Os assuntos polêmicos acabam sendo ressaltados na tentativa de chamar a atenção, fazendo com que os que exigem um exame mais profundo tendam a ser banalizados.

Ainda que existam muitos estudos preliminares sobre reformas importantes como a da previdência social, do sistema fiscal e tributário, e até das mudanças no sistema político e eleitoral, parece natural que no período de transição eles sejam comparados para que o novo governo opte pelos que considera mais adequados, recebendo contribuições dos mais variados setores que compõem o Brasil. Também existem interesses que procuram preservar a estrutura dos ministérios existentes, mesmo que pareça haver um razoável consenso que as despesas de custeio da administração pública devam ser reduzidas. A proposição da redução do número dos ministérios com a junção de alguns já recebem espaços generosos na imprensa, mesmo que ainda não estejam totalmente consolidados. Como são assuntos complexos, as discussões mereceriam análises mais profundas de especialistas, mesmo que eles também não estejam todos com acordos mínimos.

Como o Brasil, mesmo com importância menor do que no passado, está inserido no mundo, já existem manifestações como de parceiros importantes como a China, que importam volumes expressivos de minérios de produtos agropecuários do nosso país e possuem substanciais investimentos na sua infraestrutura, notadamente na geração e distribuição da energia elétrica. Como algumas declarações e viagens a Taiwan não foram consideradas adequadas para os atuais dirigentes daquele país, já existem advertências fortes de que se houver uma semelhança com posições do atual governo Donald Trump poderia haver consequências que não seriam de interesse do Brasil.

Como já estão sendo tomadas as decisões dos principais ministros brasileiros no governo eleito, parecendo que os escolhidos são os mais populares, haveria conveniência de que o ministro das Relações Exteriores fosse escolhido com prioridade, para deixar clara a política externa que será adotada, não privilegiando países com a Venezuela e Cuba como ocorreram no passado. Posições com relação às discussões do Acordo de Paris, bem como as posições norte-americanas, além do interesse especial com Israel podem afetar profundamente os relacionamentos com outros países do Oriente Médio, como os árabes e os iranianos. Eles exigem exames mais profundos com discussões com especialistas em política internacional, pois se trata de assuntos de Estado que não deveriam estar tão fortemente relacionados com eventuais governos, que são temporários.

Lamentavelmente, o tempo disponível para estes aprendizados destes assuntos importantes para o Brasil é curto, havendo que se socorrer da assistência dos mais experientes nestas matérias, pois os riscos de decisões precipitadas podem ter consequências por muitas décadas.



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