Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Parece Que Já é Hora de Falar Menos e se Preparar Mais

7 de novembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

As eleições já terminaram com a clara vitória daqueles que desejavam mudanças significativas no governo brasileiro, com a redução da corrupção, um crescimento mais elevado e reformas indispensáveis para a sustentabilidade de prazo mais longo. O tempo para definir as novas prioridades dadas às fortes limitações dos recursos disponíveis no Brasil é curtíssimo. Há que se concentrar neste período para esclarecer os principais novos objetivos e suas prioridades, bem como a estratégia que será adotada, visando o mínimo de erros de uma equipe heterogênea que assume o poder. Já houve lamentáveis experiências passadas que, mesmo com as melhores das intenções, novos governos acabaram sendo alijados do poder sem terminar os seus mandatos. O Brasil não pode se dar ao luxo de repetir novamente estas potenciais dificuldades. O mais recomendável parece continuar com os muitos programas aceitáveis que estão em andamento, usando o tempo de carência disponível, para ir introduzindo mudanças mais expressivas na medida do possível.

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Foto da equipe de transição constante do site do UOL

A imprensa, de forma compreensível, parece ansiosa por mudanças rápidas, compatível com estes novos períodos de uso intensivo da internet. No entanto, diante da evidência que não existe ainda um plano detalhando das principais medidas a serem adotadas, parece que os eleitos devem evitar os anúncios de novas providências que acabam sendo desmentidos, provocando profundos desgastes na nova equipe de governo que ainda está sendo organizada. O bom senso recomenda que até o presidente da República eleito reduza ao mínimo o anúncio das novas orientações que não sejam de razoável consenso, notadamente com a sua inexperiência em assuntos como os relacionados com a nova política externa e a economia.

É evidente que o desejável seria decidir rapidamente as reformas indispensáveis para o Brasil enquanto o novo governo conta com o patrimônio político proporcionado pela eleição. No entanto, se não existe ainda um razoável consenso sobre o que deve ser feito prioritariamente mesmo entre os que estão sendo indicados para compor os cargos mais relevantes do novo governo, as marchas e contramarchas esgotam rapidamente este cabedal conquistado. A pouca experiência do Executivo da equipe vitoriosa recomenda mais cautela, mesmo que alguns riscos devam ser assumidos.

O novo governo fez sua primeira viagem à Brasília para os contatos com as atuais autoridades, preparando-se para a transição que será facilitada pela criação de um grupo para tanto, recebendo os detalhes da situação atual do Brasil, havendo uma demonstração de que muitos desejam colaborar, compondo até a base parlamentar para aprovação das medidas indispensáveis, que terá um ritmo próprio.

Os que se opõem ao novo governo eleito, mesmo desejando o seu desgaste, também estão desarticulados, procurando permanecer em cargos não eletivos onde já estão ou se acomodar nas administrações estaduais onde seus partidários venceram as eleições. Observa-se que estas acomodações não são fáceis, ainda que as renovações ocorridas sejam parciais, com muitos mudando de cargos para os quais foram eleitos. Existem também alguns que já ocuparam outros cargos eletivos, mas em número mais limitado.

É evidente que o novo governo deseje o enxugamento da máquina administrativa pública para a redução do custeio, que não é uma tarefa fácil, pois muitos contam com estabilidades legais. Mas, como o número de cargos de confiança, os chamados DAS, são muitos no serviço público brasileiro, existem estas possibilidades que terão que ser perseguidas com forte determinação, contando com a colaboração de especialistas no assunto.

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O presidente eleito Jair Bolsonaro prometeu respeitar a Constituição

As fusões de ministérios cogitados pelo novo governo geram algumas reclamações de parte dos que influíam em alguns deles para atender os seus interesses. O fato concreto é que o novo presidente poderá atender, de fato, um número limitado de ministros, sendo que outros receberão as orientações dos componentes do gabinete do chefe de governo.

Lamentavelmente, a credibilidade com que contam os novos eleitos se esgota rapidamente. Na democracia brasileira, os grupos que compõem os partidos não contam permanentemente com seus programas, que só são detalhados quando vencem as eleições, passando a ter um diagnóstico dos recursos mobilizáveis. Quando há necessidade da formação de um consórcio de forças políticas para se obter a maioria no parlamento. Há que se conseguir um denominador comum com os partidos e as bancadas, mesmo que o presidente eleito Jair Bolsonaro tenha a imagem de um político determinado.

O ferimento que ele sofreu durante a campanha eleitoral não possibilitou um debate intenso do seu programa. Mesmo com os confrontos entre candidatos que se tornou uma rotina no Brasil, os seus formatos, com o elevado número dos candidatos, não permite um conhecimento mais profundo do programa que o vencedor deseja perseguir. Ainda estamos numa democracia onde o que se deseja evitar ganha mais importância do que se pretende executar. O que se espera, com todas as limitações existentes, é que seja possível atingir um mínimo que possa atender às necessidades da população brasileira neste momento, que pode ser até razoável.

O novo governo eleito vem mostrando que quase tudo que prometeu na campanha eleitoral será executado, mesmo deixando a veemência natural de uma campanha eleitoral. Sempre haverá limitações difíceis de serem superadas, mas uma melhora com relação à situação atual parece ser possível, mesmo que não atenda a todas às expectativas da população.



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