Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Superando o Complexo de Vira-Lata na Silvicultura Brasileira

15 de novembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Um importante artigo de Katia Pichelli, da Embrapa Florestas, e Juliane Ferreira, da Interact Comunicações, elaborado para o Neo Mundo – Um olhar consciente, foi reproduzido no Estadão dando um quadro bastante completo do que está acontecendo no Brasil com esforços relacionados com o avanço da silvicultura, que são marcantes .

Nas últimas décadas, a silvicultura no Brasil teve um significativo avanço pelos esforços da Embrapa Florestas e da contribuição das grandes empresas do setor privado

É bastante generalizado o conhecimento que o Brasil contava com o plantio dos pinheirais como a do Paraná e Santa Catarina que possibilitava a fabricação de celulose de fibra longa, mas demandava um tempo bastante elevado para a sua produção comercial. Com os aperfeiçoamentos no plantio dos eucaliptos, passou-se a contar com a produção de celuloses de fibra curta que possibilitou a fabricação de papéis de boa qualidade. Chegou-se até a produtividade de 60m³ por hectare/ano nas florestas plantadas, quando na tradicional Escandinávia, que conta com um inverno rigoroso, a sua produção não passa de 10m³ por hectare/ano.

Em setembro e outubro de 2019 estarão reunidos cerca de três mil pesquisadores especializados no assunto de dezenas de países para o intenso intercâmbio de informações sobre os mais recentes avanços que estão sendo obtidos, com cinco temas principais: florestas para as pessoas; florestas e mudanças climáticas; florestas e produtos florestais para um futuro mais verde; biodiversidade, serviços ambientais e invasões biológicas.

O Brasil registrou em 2017 um superávit comercial de US$ 9 bilhões, com um aumento de 15% com relação ao ano anterior, chegando a 3,9% de todas as exportações brasileiras, criando empregos e utilizando os recursos naturais disponíveis no país. As plantações florestais ocupam 7,84 milhões de hectares, com plantios de eucalipto, pinus, teca e demais variedades de plantas. As árvores plantadas são responsáveis por 91% de toda produção de madeira, sendo somente 9% de florestas naturais.

Os avanços não ocorrem somente com novas variedades, como a indicação das áreas mais propícias, bem como combate a pragas como a vespa-da-madeira que afetam o pinus, evitando-se prejuízos ao meio ambiente com defensivos. Continuam sendo estudados os clones mais eficientes na produção de biomassa, incluindo o déficit hídrico e resistências às pragas e doenças.

Estão sendo também estudadas, com o uso da nanotecnologia, as propriedades físicas e químicas que agregam mais valor à celulose para a produção de membrana para tratamentos de queimaduras e peles. E outras propriedades da celulose para as mais variadas aplicações.

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Celulose para tratamento da pele com o uso da nonotecnologia

No que se refere ao meio ambiente, os dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) informam que as áreas de proteção naturais são mais de 5 milhões de hectares em locais de Preservação Permanente (APPS), áreas de Reserva Legal (RL) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs).

Para cada hectare plantado com árvores para fins industriais, outro 0,7 hectare é destinado à preservação. Quase 14% dos 50 milhões de hectares de habitats naturais preservados no Brasil são de responsabilidade da indústria de árvores plantadas.

O consumo sustentável de produtos vindos das florestas plantadas, com tipos de plantios planejados e bem conduzidos, ajuda a proteger e manter a biodiversidade, sequestra e fixa carbonos, contribuindo para a regularização climática. Protege o regime hídrico com a conservação dos mananciais e bacias hidrográficas, melhorando a qualidade das águas, preservando a fertilidade dos solos.

Estima-se que 7,8 milhões de hectares de plantios florestais são responsáveis pelo estoque de aproximadamente 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente. O estoque de carbono de árvores plantadas é estimado em 2,48 bilhões de toneladas de carbono em 5,6 milhões de hectares na forma de reservas legais, área de proteção permanente e outras conservações de reservas.

Também é economizado o consumo de energia de origem fóssil para a produção de alumínio, aço e cimento, contribuindo para redução da mudança do clima. Há que se considerar sempre o conjunto de todos os sistemas de forma integrada para as avaliações adequadas.

Há hoje uma sensível integração do reflorestamento com a pecuária e a lavoura, efetuando-se o conjunto de forma integrada chamada ILFF, reduzindo a produção de gases estufa. Estima-se que já atinja 14,6 milhões de hectares com este sistema, continuando a aumentar a sua aplicação no Brasil.

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A integração da pecuária com o reflorestamento traz benefícios para ambas às atividades, contribuindo para mitigar os problemas climáticos

A madeira está passando a ser mais utilizada na construção civil no Brasil, o que já ocorre em grande escala em países como a Austrália, Estados Unidos, Chile, Argentina e Canadá. O intercâmbio destas experiências deve acelerar o seu uso no país.

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O intenso uso da madeira de florestas plantadas na construção civil, já havendo experiências no Brasil, reduzindo as pressões para uso das florestas naturais

Todos sabem que o Brasil destaca-se no mundo pela preservação das florestas naturais que são imensas no país. As derrubadas nas matas já apresentam alternativas mais racionais, que devem ganhar importância nos próximos anos, provocando uma introdução de novas tecnologias nas demais atividades, visando o aumento da produtividade com as áreas já utilizadas. O setor de florestas da Embrapa atua no sentido de disseminar novas tecnologias que ajudam de fato a manter a economia brasileira competitiva no mundo.

Estimativas indicam que a demanda de madeira em 2050 no Brasil deva chegar em 10 bilhões de metros cúbicos, triplicando os dados atuais. Na medida em que novas tecnologias sejam aplicadas à geração futura de recursos naturais, fontes de energia, clima equilibrado e alimentos para a população, acabam sendo necessidades essenciais para a sobrevivência brasileira. Todos estes assuntos serão discutidos pelos especialistas do mundo todo no Brasil, em 2019.



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