Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Naomi Osaka Pode Ajudar a Acelerar a Mudança no Japão

28 de janeiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , , | 2 Comentários »

Um artigo publicado por Tadahiro Tomiyama no jornal japonês Asahi Shimbun informa que, ao vencer o Austrália Open Women 2019, ela, que disputa em nome do Japão, agradeceu clip_image002profundamente a sua equipe multirracial sem a qual não teria chegado à primeira colocação no ranking mundial feminino de tênis.

Naomi Osaka, junto ao seu técnico alemão, Sascha Bajin, e seu treinador de fitness norte-americano, de origem líbia, Abdul Sillah. Conta ainda com o japonês nas sessões de treinamento a análise de sua atuação, Masashi Yoshikawa, e a americana instrutora, Kristy Stahr

Morando e treinando nos Estados Unidos, Naomi Osaka é uma cidadã do mundo globalizado, a primeira tenista no ranking mundial. Certamente, ampliou o número de japoneses que a admiram, entre eles os principais patrocinadores que devem aumentar muito mais no futuro próximo, dada a visibilidade que conquistou internacionalmente.

O Japão é um país que já vinha há décadas diminuindo o seu isolamento racial, o que ainda está ocorrendo muito lentamente, dada a sua longa história ocupando um pequeno arquipélago, sofrendo alguma influência cultura, principalmente da China e da Coreia do Sul. Estes problemas são difíceis de serem superados rapidamente, só ocorrendo depois de muitas décadas. O decréscimo de sua população está intensificando a ida de trabalhadores de outros países, mas muito lentamente.

A perseverança de Naomi Osaka é decorrente da influência do seu técnico alemão, Krisly Stahr. Seu invejável vigor físico com apenas 21 anos deve-se em parte ao trabalho de Abdul Sillah, norte-americano de ascendência líbia, que também supervisiona muito do conjunto do trabalho. O treinamento da resistência é decorrente de longas corridas que aperfeiçoaram o seu físico, aumentando a sua agilidade para jogadas rápidas, com mudança precisa das direções de suas bolas. Ninguém chega onde ela chegou sem um treinamento intenso e uma preparação que envolve também a parte mental, vital para um esporte como o tênis.

Ela enfrentou nada menos que a experiente Petra Kvitova, duas vezes campeã em Wimbledon, que tem poderosas armas, como as suas jogadas fulminantes, mantendo os seus erros não forçados em 33, seis a menos que a adversária tcheca, com experiência acumulada ao longo de sua carreira.

A continuar assim, Naomi Osaka pode ajudar todo o Japão a aceitar mais aceleradamente a integração inter-racial, para conseguir manter a bandeira que ela defende, servindo também como uma prova concreta das vantagens de intensos cruzamentos que não são somente físicos e que precisam ser praticados.

A nossa torcida para que ela continue desempenhando este papel que é fundamental para um mundo que apresenta, algumas vezes, tendências de isolamento na crença da sua superioridade para resolver os muitos problemas internacionais.


2 Comentários para “Naomi Osaka Pode Ajudar a Acelerar a Mudança no Japão”

  1. Carlos Abreu
    1  escreveu às 12:51 em 28 de janeiro de 2019:

    E gostaria de acreditar que a projeção mundial de uma ‘hafu’ seria capaz de levantar uma discussão em âmbito nacional no Japão, no momento em que o país está prestes a receber 300 mil trabalhadores estrangeiros nos próximos anos. Infelizmente, eu acho que isso não vai acontecer. Numa sociedade tão hierarquizada, tão apegada às tradições e aos antigos valores de família, hereditariedade, etc, uma meio-japonesa-meio-haitiana, terá somente o reconhecimento (merecido) da mídia, e será tratada como um ‘caso especial’ de sucesso. Quem sabe se mais casos como ela surgirem nos próximos 50 anos, com o ritmo de assimilação de outras culturas aumentando… quem sabe?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 22:06 em 28 de janeiro de 2019:

    Carlos Abreu,

    Também me parece que seja algo difícil, mas estão ocorrendo diversos esforços neste sentido.

    Paulo Yokota


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