Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Copo Pode Estar Meio Cheio ou Meio Vazio

22 de janeiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Luiz Fernando Figueiredo é um competente ex-diretor do Banco Central do Brasil, sócio principal da Mauá Capital, e se baseia na melhoria da cotação da Bolsa de Valores, redução da taxa de câmbio e dos juros para argumentar que o mercado não está melhorando à toa.

Luiz Fernando Figueiredo concedeu entrevista para Claudia Safatle do Valor Econômico, que vale a pena ser lida na íntegra

É evidente que o dirigente de uma empresa que atua fortemente no mercado de capitais sempre ganhará se ele continuar melhorando, como está acorrendo recentemente, mas isto não significa necessariamente que sua análise esteja enviesada, na avaliação da situação atual da economia brasileira. A entrevista concedida a Claudia Safatle, do Valor Econômico, é bastante fundamentada, sendo a sua visão atual do que estaria ocorrendo com o novo governo de Jair Bolsonaro. Ele considera os responsáveis pela política econômica impecáveis, sendo que os poucos “bate cabeça” sejam naturais nesta fase, que pode conseguir um crescimento econômico de 3% neste ano.

O fato concreto é que está se comparando o resultado atual como uma base muito fraca do ano passado e o crescimento previsto não é dos mais otimistas, num mundo que está enfrentando muitas dificuldades, apresentando poucas oportunidades de aplicações de recursos em investimentos de alta rentabilidade.

Se a Bolsa vem melhorando, poderia se argumentar que as outras aplicações não estão apresentando boas perspectivas, sempre lembrando que estes investimentos são para profissionais, pois são considerados de risco, podendo apresentar fortes flutuações. Se os juros estão em queda, poderia se afirmar também que muitos empresários não estão demandando tantos recursos para seus investimentos, pois ainda estão cautelosos com o que pode acontecer principalmente no Congresso, com as reformas indispensáveis. Se o dólar anda disciplinado, pode se afirmar que os investidores não estão encontrando boas aplicações no resto do mundo, nem as importações estão crescendo como esperado.

Mas, com um analista cauteloso e competente, diante de uma jornalista também de elevada capacidade, a entrevista resultante é da melhor qualidade. O que parece ainda pouco considerado é que a equipe que está compondo a do ministro Paulo Guedes ainda trilha um campo muito minado, não tendo fortes nomes para superar o poder político dos funcionários públicos, numa tarefa de grande dificuldade para a redução da despesa pública.

Ela não se restringe ao déficit da Previdência Social, que em qualquer circunstância continuará a ser elevada. A melhoria da eficiência do setor público é muito discutível, mesmo com as privatizações previstas. O governo federal não é o único problema, mas também os Estados estão em situação difícil, como também muitos municípios. O governo ainda não conseguiu determinar a estratégia para superar os problemas junto aos políticos, contando com uma equipe que pouco empolga os analistas mais experientes.

No entanto, o que se pode conseguir é uma ligeira melhora da calamidade que veio se mantendo até recentemente, mas as soluções exigem longo prazo e muito trabalho competente, atraindo empresários de todo o mundo. Parece indispensável que algumas figuras polêmicas tenham que ser superadas ao longo do tempo, mas certamente o quadro atual pode apresentar algumas possibilidades mais promissoras.



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