Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Coreia do Norte Pauta Agenda Para a Ásia

27 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Se Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ainda o país mais poderoso no mundo, promove em Hanói a segunda reunião direta com o ditador Kim Jong Um, da Coreia do Norte, é uma indicação que aquele pequeno país conseguiu, apesar de todos os seus problemas, pautar assuntos que interessam principalmente à China, ao Japão e à Coreia do Sul e também ao resto do mundo.

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Donald Trump dos Estados Unidos foi a Cingapura, um país neutro, para encontrar com o ditador Kim Jong Un, e repete agora as conversações em Hanói, no Vietnã

O artigo de Foster Klug, da Associated Press, chama a atenção que a China tem interesse nesta reunião, tendo Xi Jinping já recebido Kim Jong Un por diversas vezes. Isto devido à possibilidade de colapso da economia da Coreia do Norte, que já depende fortemente dos chineses, provocar uma inundação de norte-coreanos no País do Meio, aumentando os encargos que não pequenos. Tudo indica que a Coreia do Norte tentará obter o máximo de assistência dos Estados Unidos que implicam em ajuda somente para atender às necessidades de alimentação de sua população, de algo parecido com US$ 1 bilhão anualmente.

O Japão continua temendo que foguetes nucleares lançados pela Coreia do Norte não considere os riscos para os japoneses, concentrando somente nos de longo alcance que possam atingir os Estados Unidos. Os japoneses são extremamente sensíveis aos riscos de armamentos atômicos, dependendo dos Estados Unidos para a sua defesa externa. Ainda que, como em Okinawa, a população não deseje as bases no território japonês, sugerindo que possam ser transferidos para outros países na Ásia. Também existem japoneses sequestrados pelos coreanos do norte que desejam voltar para o Japão.

A Coreia do Sul, artificialmente separada da Coreia do Norte, possui até membros da mesma família nas duas partes em que a península foi dividida. Algo como o que aconteceu na Alemanha Ocidental e Oriental é sempre perseguido, havendo algumas manifestações a favor, mas que implicam em custos elevadíssimos para que tenham níveis de renda razoavelmente semelhantes. No fundo, a Coreia do Sul conseguiu o desenvolvimento econômico com a expressiva ajuda dada pelos Estados Unidos e seus aliados.

Deve-se reconhecer que a estabilidade da Coreia do Norte interessa também para os aliados dos Estados Unidos no Pacífico, como a Nova Zelândia e a Austrália, para ajudar a reduzir as tensões militares, que estão concentradas nos avanços chineses na região. Outros países relativamente independentes, como Cingapura, Vietnã, Filipinas e Indonésia, também desejam as reduções das tensões no Sudeste Asiático e no Pacífico.

Mesmo com tudo isto, apesar da alegada boa relação pessoal de Donald Trump e Kim Jong Un, parece que é preciso muita cautela sobre avanços significativos, que exigem elevados custos e um razoável tempo para resultarem em consolidações almejadas, até diante do enfraquecimento político internacional do líder norte-americano.



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