Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Jornais Noticiam a Liberação de Ghosn Sob Condições

6 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , | 18 Comentários »

As agências noticiosas internacionais, como a Reuters, divulgaram que os investigadores japoneses do Ministério Público autorizaram a liberação de Carlos Ghosn mediante condições. Ele não pode viajar para o exterior e nem manter contatos com pessoas que possam destruir provas sobre as quais estão sendo investigados. Ele depositou uma fiança de Yen 1 bilhão (cerca de US$ 8,9 milhões de dólares norte-americanos), depois de clip_image002permanecer por mais de 100 dias preso. O novo advogado que contratou conseguiu a sua liberação, mas as investigações continuam.

Carlos Ghosn, que já renunciou aos cargos na Renault, na Nissan e na Aliança (Renault-Nissan-Mitsubishi Motors), foi liberado sob fiança

O processo contra ele continua em andamento no judiciário japonês e poderá durar muitos meses, mas não necessita ficar isolado no presídio em Tóquio. Apesar de alegar inocência, com a defesa do novo advogado contratado, existem fortes indícios que ele tenha cometido irregularidades, que estão sendo admitidas até pela Renault. Ele obteve vantagens pessoais, além de anunciar uma remuneração mais baixa, visando a redução das tributações sobre os seus ganhos ao longo de muitos anos.

Temos insistido neste site que existem fortes diferenças culturais empresariais como no judiciário entre o Japão e muitos países ocidentais. Certamente, o episódio determinará algumas mudanças importantes, como a governança de uma empresa onde somente o seu principal executivo podia decidir sobre a sua remuneração como de outros dirigentes. A tendência é que um conselho ou um órgão colegiado tenha este poder.

Também no judiciário japonês, a legislação não permitia que um advogado acompanhasse o interrogatório e não havia um prazo relativamente curto para a detenção provisória. Haveria uma tendência para aperfeiçoamento, aproximando-se do que está em uso em outros países, se o Japão deseja aumentar a participação de executivos estrangeiros em suas empresas.

As possíveis irregularidades cometidas por Carlos Ghosn são muitas, havendo indícios de que ele tentou reduzir a tributação de suas remunerações, usando parte para outras formas de conseguir vantagens pessoais. No Japão, quando existem indícios desta natureza, os suspeitos costumam admitir em público, solicitando escusas pelos inconvenientes causados a terceiros. Em parte, isto decorre dos princípios do Código Honra dos Samurais, onde as intenções são muito relevantes.

De qualquer forma, os exagerados privilégios que Carlos Ghosn gozava nas organizações, onde ele tinha peso, não deverá ter continuidade, nem mesmo na França ou na Europa.


18 Comentários para “Jornais Noticiam a Liberação de Ghosn Sob Condições”

  1. Simone Aparecida
    1  escreveu às 12:29 em 6 de março de 2019:

    Se a Justiça japonesa resolveu soltá-lo é pelo fato dos magistrados entenderem que houve o golpe corporativo.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:06 em 7 de março de 2019:

    Cara Simone Aparecida,

    É preciso constatar que Carlos Ghosn está em liberdade condicional e as investigações continuam. 99% dos processos movidos pela Promotoria japonesa resultaram em condenações definitivas no Judiciário. É melhor aguardar para não ser apanhado num possível equívoco.

    Paulo Yokota

  3. Nivaldo Gomes
    3  escreveu às 20:57 em 6 de março de 2019:

    O Japão é um país ARCAICO em todos os sentidos e o caso Ghosn é um bom exemplo de como os japoneses precisam aprender com os americanos, franceses, brasileiros, alemães, ingleses.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 09:03 em 7 de março de 2019:

    Caro Nivaldo Gomes,

    Espero que V. conheça o Japão profundamente, como os asiáticos como um todo. Muitos acham que os ocidentais, que possuem uma cultura mais recente, que já apresentam muitos outros problemas

    Paulo Yokota

  5. Isaias Fernandes
    5  escreveu às 13:16 em 7 de março de 2019:

    Yokota, na verdade, tudo não passou de INVEJA dos japoneses pelos seguintes motivos:

    1- Ghosn é um brasileiro que revolucionou a indústria do Japão;
    2- Sucesso extraordinário dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro;
    3- Êxito do Jiu-jítsu brasileiro que é a melhor arte marcial do planeta que humilhou o judô, o caratê etc.
    4- Futebol pentacampeão do mundo. O Japão nunca conquistou uma Copa do Mundo.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 10:14 em 9 de março de 2019:

    Caro Isaias Fernandes,

    Tenho a impressão que V. deve procurar uma visão mais ampla. Ainda que torcendo tanto pelo Brasil, lamentavelmente no nível internacional estamos muito longo dos países desenvolvidos.

    Paulo Yokota

  7. Genival Pinto de Almeida
    7  escreveu às 21:15 em 7 de março de 2019:

    Yokota!!!

    Agora é que a fusão da Renault com a Nissan sairá!!! O Carlos Ghosn está livre!

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 10:11 em 9 de março de 2019:

    Caro Genival Pinto de Almeida.

    Os obstáculos são imensos, e como tenho ressaltado as diferenças culturais acentuadas.

    Paulo Yokota

  9. Luiz M, L. de Souza
    9  escreveu às 06:45 em 8 de março de 2019:

    Só um cego e desinformado para não perceber que o Ghosn é inocente.
    .

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 10:09 em 9 de março de 2019:

    Caro Luiz M.L.de Souza,

    Parece que seu coração funciona mais que o seu cérebro. Pelo visto o mundo está cheio de cegos. Vamos aguardar o julgamento final que deve demorar meses. A própria Renault já abandonou o Carlos Ghosn.

    Paulo Yokota

  11. Jaime dos Santos
    11  escreveu às 17:11 em 9 de março de 2019:

    Sr. Paulo:

    Cada comentários sem noção… Por que não aguardar o julgamento? Mas depois de tudo que eu li sobre o Ghosn cheguei a seguinte conclusão: santo ele não é!

  12. Paulo Yokota
    12  escreveu às 11:59 em 10 de março de 2019:

    Caro Jaime dos Santos,

    Obrigado pelo seu comentário. No Japão as intenções são importantes, pela cultura do uso dos ensinamentos do Código de Honra dos Samurais.

    Paulo Yokota

  13. Galvão Lacerda
    13  escreveu às 07:54 em 10 de março de 2019:

    Yokota:

    A pressão internacional e a troca da equipe de advogados fizeram efeito. Ademais, a Ordem dos Advogados do Brasil mostrou a sua força ao exigir que os Direitos Humanos do GHOSN fossem respeitados.
    A atuação do Itamaraty deve, igualmente, ter colaborado muito com a soltura do brasileiro. Mais uma vez, GHOSN está fazendo com que o Japão evolua.
    Após a provável absolvição do ex-executivo da Nissan, vislumbro uma mudança drástica no sistema criminal japonês com respeito máximo aos Direitos Humanos, ampla defesa, contraditório e devido processo legal.
    O Brasil pode ajudar enviando os nossos juristas para ensinar Direito Penal, Processo Penal e Direito Constitucional ao Japão que tem leis extremamente arcaicas.
    Por fim, acredito que o senhor terá, no futuro, de redigir algum artigo desculpando-se por sua posição de incriminar, antecipadamente, o GHOSN.
    Aliás, o MUNDO sabe que o GHOSN é INOCENTE.

  14. Paulo Yokota
    14  escreveu às 11:57 em 10 de março de 2019:

    Caro Galvão Lacerda,

    Pelo que conheço do Japão, eu que lá fui mais de 100 vezes e lá vivi por alguns anos, tenho a impressão que a pressão pela imprensa internacional produz pouco efeito. As irregularidades atribuídas a Carlos Ghosn, infelizmente, são objetivas. V. acha que ele usar cinco imóveis em Tóquio por conta da Nissan, afirmando que o custo dos hotéis por lá são elevados seria razoável? A Renault já providenciou o seu desligamento pelo abuso do uso de Versalhes para o seu casamento. Por favor, seja objetivo, não um torcedor. Se fosse pelos Direitos Humanos os Estados Unidos não poderiam manter Guantánamo, com muitos presos sem mesmo acusações formais por crimes. O melhor é aguardar o resultado do julgamento que ainda demorará muitos meses. Torço muito para que o Japão aproxime sua legislação com o que é usado em muitos países, mas nem todos.

    Paulo Yokota

  15. Leonardo Cunha da Silva
    15  escreveu às 16:11 em 10 de março de 2019:

    O senhor disse: “V. acha que ele usar cinco imóveis em Tóquio por conta da Nissan, afirmando que o custo dos hotéis por lá são elevados seria razoável?”

    Cinco imóveis em Tóquio? Nunca li nada a respeito… Mas a Nissan não sabia dos citados imóveis?

  16. Paulo Yokota
    16  escreveu às 16:08 em 11 de março de 2019:

    Caro Leonardo Cunha da Silva,

    Basta ler todos os artigos que foram publicados sobre o caso. Parece mais conveniente que se aguarde a solução final do Judiciário, pois não parece conveniente continuar gastando tanto tempo com este assunto.

    Paulo Yokota

  17. Marcos Paulo Lima
    17  escreveu às 20:36 em 10 de março de 2019:

    Prezado Yokota:

    O senhor parece bastante seguro em afirmar que o Ghosn praticou delitos. Mas acontece que, até o momento, o Ministério Público do Japão não apresentou qualquer prova para a imprensa. Não há nada!

    Toda a mídia da Europa e dos EUA está dizendo que a Nissan aplicou um golpe contra o brasileiro. Ninguém está incriminando o Carlos Ghosn.

    A Nissan até hoje não conseguiu discutir uma mudança nas participações cruzadas com a Renault. O Hiroto Saikawa está totalmente perdido no comando da Nissan Motor, mostrando que a sua liderança é fraca.

    A Mitsubishi é uma montadora japonesa muito abaixo da média. Os seus carros são ruins demais. O que ela fará sem a Aliança Renault-Nissan?

    Sabe-se que a Justiça japonesa é rigorosa. Mas, então, por qual motivo liberou o brasileiro? Acho que ela já percebeu a injustiça que estão fazendo contra um trabalhador.

    Acho que muitos países pensarão duas vezes antes de investirem no Japão. O episódio Ghosn irá macular a imagem do país.

  18. Paulo Yokota
    18  escreveu às 16:05 em 11 de março de 2019:

    Caro Marcos Paulo Lima,

    É conveniente que se leia o máximo de publicações para se ter um quadro o mais isento possível. Como as redes sociais permitem comentários superficiais, vou aguardar a decisão do Judiciário neste caso, pois Carlos Ghosn foi liberado da prisão preventiva, depois de pagar uma grande fiança e aceitar permanecer no Japão sem contatos com seus antigos auxiliares, evitando-se a destruição de provas.

    Paulo Yokota


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