Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Presidentes Devem Evitar Manifestações Pessoais Emocionais

1 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Muitos países acabam sendo afetados pelas manifestações pessoais e emocionais dos seus presidentes, quando devem representar seus países e o governo que comandam. Donald Trump é um exemplo, que num dia manifesta-se de forma exageradamente elogiosa sobre Kim Jong Un e no dia seguinte tem que admitir publicamente não ter obtido da Coreia do Norte a aceitação de sua proposta radical, suspendendo antecipadamente a reunião bilateral de cúpula em Hanói. Ainda que isto exija futuras e incertas negociações mais profundas e realísticas, sem subestimar os interlocutores que só possam aceitar formalmente as propostas, sem a efetiva desnuclearização difícil para a pequena Coreia do Norte, que a colocou no cenário internacional.

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Donald Trump e Kim Jong Un suspendem a reunião em Hanoi antecipadamente, pois a Coreia do Norte não aceitou a proposta radical dos Estados Unidos. Eventuais negociações futuras necessitam de posicionamentos mais realistas, para não aumentar o desgaste que o presidente norte-americano enfrenta internamente, diante de deslizes cometidos nos últimos anos

O presidente Jair Bolsonaro, que se confessa admirador de Donald Trump, também continua se manifestado usando a sua rede social, de uma forma que aparenta continuar numa campanha eleitoral, quando já assumiu o comando do Brasil, que deve ter posições mais cautelosas pelas suas amplas repercussões internas e externas, notadamente quando necessita engolir sapos criados pelos seus familiares que não deveriam ser parte do governo. Todos os presidentes estão sujeitos a muitas pressões e é compreensível que gostariam de atender a algumas delas, mas estão sujeitos, no mínimo, à disponibilidade de recursos, que são extremamente limitados, além de depender também de outros poderes da República.

No caso brasileiro, admitir que acomodações fossem feitas com os parlamentares sobre a reforma da Previdência Social já provoca ampliações das pressões, principalmente dos representantes da elite dos funcionários públicos que são responsáveis por parte substancial dos desequilíbrios que existem atualmente. Ainda que o atual projeto seja para início das negociações, já corre o risco de se tornar aguado, ajudando pouco na recuperação real da economia brasileira.

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Muitos auxiliares do presidente Jair Bolsonaro já lhe recomendaram evitar o uso de redes sociais para se comunicar com a população

Utilizando os exemplos positivos e negativos dos governos brasileiros passados, constata-se que teve presidentes que escolheram um chefe da Casa Civil que não podiam ser demitidos senão com custos políticos elevados. Garrastazu Médici contava com o jurista Leitão de Abreu, de longa formação sólida, que podia apresentar ao presidente os quadros difíceis com total franqueza. O presidente Ernesto Geisel contava com Golbery de Couto e Silva, que tinha liberdade de discutir questões difíceis para ele, mesmo os que não eram do agrado do presidente. Já o presidente José Sarney, mesmo recomendado que tivesse na Casa Civil alguém que ele não pudesse demitir facilmente, preferia contar com auxiliares que o obedecessem sem discutir, o que parece que se repete agora com o presidente Jair Bolsonaro, que tem a tendência de se manifestar com suas fortes e surpreendentes opiniões pessoais, que nem sempre são convenientes para o governo que comanda. Isto acaba resultando em derrotas ou necessidades de desgastantes mudanças, evidenciando que não existe um consenso razoável dentro da própria equipe governamental.

Há que se compreender que o governo só faz o que pode e não o que quer ou tenha sido defendido na campanha eleitoral. Existem necessidades e prioridades que não eram de conhecimento de quem estava fora do governo, que limitam mais ainda as poucas disponibilidades dos recursos para atender todas as necessidades do país. O que se espera é que o aprendizado do presidente como de muitos bons acadêmicos que o cercam e não possuem uma longa experiência de executivos do governo seja rápido, pois o seu mandato é bastante curto. E o ritmo do desgaste está sendo alucinante, até porque não conta com grande simpatia dos órgãos de comunicação social do Brasil.

As mudanças que ocorreram na classe política com as últimas eleições são modestas, não tendo havido nenhuma mudança significativa na cúpula dos funcionários públicos que os assessoram e que possuem uma consolidada gama de privilégios já conquistados. Mesmo os novos eleitos acabam sendo vitimas dos minuciosos regulamentos que foram formulados ao longo do tempo, exatamente para que suas mudanças sejam difíceis.

Há que se compreender que o Brasil é também uma federação, contando com Estados e Municípios, decorrentes das acentuadas diferenças regionais que sempre tiveram grande importância nas decisões nacionais, desde quando o país se tornou independente de Portugal.



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