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Quarenta Anos do Prêmio de Arquitetura Pritzker

6 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

clip_image002Apesar de muitos brasileiros considerarem que somos ótimos em arquitetura no mundo, o Japão recebeu o oitavo deste prêmio desde a sua criação em 1979 há 40 anos, sendo neste ano contemplado o arquiteto Arata Isozaki. Os dois brasileiros que o receberam foram Oscar Niemayer e Paulo Mendes da Rocha, o que muito nos honra, pois ainda não temos nenhum Nobel.

Shanghai Symphony Hall do arquiteto Arata Isozaki, cuja orquestra tem 140 anos

Arata Isozaki afirma que na sua infância viu os destroços da Segunda Guerra Mundial, notadamente em Hiroshima arrasada pela bomba atômica. No vazio que lá ficou, havia que se edificar os novos clip_image004edifícios bonitos e adequados o que o levou à arquitetura. Cada um dos seus projetos, hoje espalhados pelo mundo, apresenta características diferentes, com soluções para os desafios que surgem, mas lembrando sempre de algo que já se adotava tradicionalmente no Japão.

Arquiteto japonês Arata Isozaki, Prêmio Pritzker de 2019

Muitos belos projetos arquitetônicos, ainda que de rara beleza, apresentam problemas para quem os utiliza com frequência. Mesmo o Palácio da Alvorada, em Brasília, apresentava incômodos para as diversas famílias dos presidentes brasileiros. Le Courbusier, que inspirou muitos arquitetos brasileiros a partir do edifício do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, que, apesar de sua beleza, nunca considerou que o Brasil é um país tropical, com larga amplitude térmica durante as 24 horas do dia, onde a tradição tinha levado à construção colonial.

Com o uso exagerado de vidros, bonitos, os muitos edifícios de Brasília apresentavam constantes rachaduras tanto nas janelas como nos tetos, pois de dia as temperaturas eram elevadas e as noites frias, exigindo das lajes uma elasticidade que não era possível se obter com o concreto. Até hoje milhares de aves morrem anualmente, chocando-se com os vidros dos elegantes edifícios oficiais.

Os arquitetos japoneses tendem a se preocupar com estes detalhes, além da beleza dos seus projetos. Hoje, na França, criticam-se os grandes investimentos efetuados por François Mitterrand, como na fabulosa sala de óperas de Bastille, que, apesar dos muitos milhões consumidos, nem apresenta beleza externa ou ao menos funcionalidade para os que lá ingressam.



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