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Reflexões Sobre Fukushima e Outras Radiações

10 de abril de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002O World Economic Forum apresenta num artigo elaborado por Aurélien Portelli e Franck Guarnieri, do Mines Paris Tech, uma comparação das atitudes dos japoneses com relação à contaminação ocorrida em Fukushima em 2011 com as dos russos com relação a Chernobyl em 1986, mostrando as diferenças culturais para encarar os problemas que ainda podem durar por muitas décadas. Isto nos leva a refletir com o que aconteceu em Hiroshima e Nagasaki, bombardeadas atomicamente em 1945, há mais de 60 anos.

Foto selecionada pela NHK de uma cerejeira em Fukushima

O artigo comenta que, enquanto os russos encerraram a usina de Chernobyl e abandonaram a região, os japoneses em Fukushima e arredores continuam a lutar para controlar a contaminação, procurando conviver com a lamentável situação, ainda que com muitos sacrifícios. Há muito que fazer ainda nas próximas décadas, havendo ainda mais de seis mil pessoas que continuam trabalhando por lá para tanto. O risco de contaminação está controlado, mas os produtos da região sofrem discriminação compreensível dos consumidores do Japão. Muitos, depois de transferidos para outras regiões, não mais voltaram para lá, onde todas as atividades ficaram sensivelmente reduzidas.

Um novo relacionamento entre os seres humanos, a natureza e a tecnologia está sendo construída na região de Fukushima, com custos imensos para a população local, principalmente mental. Toda a paisagem regional foi alterada, mas no coração de tudo estão as sobrenaturais cerejeiras que sobreviveram e muitas outras novas estão sendo plantadas como símbolos emocionantes da resistência humana aos desastres. As cerejeiras têm um significado com o que se chama “ki”, ou força vital do Japão. Uma especial que passou a ser denominada “Miharu Takizakura” é considerada milagrosa por ter resistido à forte radiação, estando isolada nos seus arredores.

Muitos sabem que o projeto da usina atômica de Fukushima é estrangeiro, não tendo considerado a possibilidade de um forte maremoto, mas os japoneses que o aceitaram não enfatizam o erro cometido, procurando corrigir suas limitações nos poucos projetos semelhantes que ainda funcionam naquele país.

Yuriko Nishimoto, moradora da região, jornalista da NHK, desenvolve o “Sakura Project” depois de ter retornado da evacuação como alguns outros. O seu projeto propõe plantar 20 mil cerejeiras ao longo de 200 quilômetros da costa daquela Prefeitura, procurando restaurar a esperança da população nos próximos 10 anos, o que está recebendo o apoio de aproximadamente mil voluntários, entre eles alguns brasileiros que moram no Japão.

Quem conhece a história de Hiroshima e Nagasaki, depois de mais de 60 anos do bombardeio atômico em 1945, sabe que hoje a população destas duas cidades-símbolos é um exemplo marcante para o mundo. Temia-se que as radiações afetassem a sua saúde bem como dos seus descendentes. Hoje, depois de mais de 60 anos de “check up” no mínimo anual dos chamados “hibaku” (simplificação do nome das vitimas do bombardeio atômico), que é efetuado também no Brasil para os que aqui moram, constata se que muitos que se aproximam até da idade centenária e gozam de uma saúde invejável, pelos cuidados que tomam e dos tratamentos recebidos.

Tudo ainda aparenta ser desanimador na região de Fukushima. Mas vendo os exemplos de Hiroshima e Nagasaki, além do que está ocorrendo com as cerejeiras, a esperança se renova. Coragem e persistência, bravos japoneses, dias melhores certamente voltarão!



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