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Aumento do Desmatamento na Amazônia Divulgado no Mundo

22 de novembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Ecologia, Editoriais e Notícias, Meio Ambiente | Tags: , , ,

O assunto do aumento do desmatamento na Amazônia virou uma questão sensível para todo o mundo, tendo como base dados do INPE, mostrando uma elevação anual de 29,5% entre o final do ano passado e até julho deste ano, o que não acontecia desde 2008. Agências internacionais de notícias, como a Associeted Press e a Reuters, distribuíram matérias que acabaram sendo publicados até por jornais japoneses, como o The Japan News, ainda que isto esteja ocorrendo também no Congo, na África, e na Indonésia, no Sudeste Asiático. É que no clip_image002Brasil o assunto afeta também as áreas que são ocupadas pelos indígenas e onde o governo local vinha contrariando as evidências dos dados obtidos pelos satélites, ainda que isto possa afetar o clima no mundo.

O chefe da tribo Kayapo observa a área que foi desmatada pelos madeireiros, na Reserva Biológica da Serra do Cachimbo, em Altamira, na Amazônia brasileira, visando a exploração pecuária. Foto da AP, cuja matéria merece ser lida na íntegra

Na Indonésia, as florestas apresentam menores diversidades nas espécies e elas estão sendo substituídas pelos coqueiros que produzem o óleo de palma (no Brasil conhecido como dendê), o óleo mais consumido no mundo, notadamente no Sudeste Asiático. De certa forma, continuam sendo florestas, o que não acontece no Brasil ou no Congo.

Lamentavelmente, o presidente Jair Bolsonaro fez declarações bombásticas no passado recente afirmando que este desmatamento não estava ocorrendo, mas havia interesses em contrariar o atual governo na exploração dos minérios e ampliação das atividades agropecuárias. Depois das fortes repercussões negativas em todo o mundo, inclusive com posições críticas da Noruega e da Alemanha, que vem suportando as medidas para detecções destes desmatamentos com substanciais doações de recursos. O governo vem mobilizando até o Exército para evitar os abusos, o que não é adequado para o caso, pois não contam com recursos humanos treinados para tanto.

O que não fica fácil de entender é que a manutenção da floresta Amazônica pode proporcionar créditos como os chamados carbono, havendo muitos que desejam efetuar estas aplicações, diante da necessidade de desmatamentos de pequena escala, como em países europeus. Além de beneficiar também a população brasileira com a redução da poluição no meio ambiente. No entanto, não se trabalha no sentido de tirar proveito destas possibilidades.

O governo brasileiro não dispõe de uma posição clara sobre o assunto, pois o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, reconhece o problema, mas não deseja se empenhar numa posição mais pragmática para convencer o presidente. Em alguns assuntos, como os relacionados com a China, diante das potencialidades de ajuda dos chineses nas importações de produtos brasileiros e participação nos projetos de infraestrutura, o presidente acabou aceitando uma mudança de posição.

Os representantes de diversas organizações que se preocupam com o assunto atribuem ao governo Jair Bolsonaro uma posição ao aumento tradicional das áreas destinadas às produções agropecuárias, o que acabam incentivando muitos que desejam somente usufruir vantagens imediatas, com a utilização da madeira, ampliação das pastagens e minerações clandestinas. Sem que haja uma visão mais ampla, com base científica, mesmo os que desejam colaborar com o governo acabam sendo marginalizados, afetando sensivelmente a imagem do país no cenário internacional.

A sensível piora da imagem do Brasil no mundo acaba inibindo até os que desejam colaborar com o país, diante de suas potencialidade futuras. Entre as muitas orientações discutíveis do atual governo, o assunto relacionado com o desmatamento da Amazônia acaba se destacando, tanto pelos seus efeitos mundiais como pela elevada sensibilidade da opinião pública mundial com relação às cenas chocantes de gigantescos incêndios provocados pelos seres humanos.

Parece urgente a mudança da posição do governo para uma orientação mais pragmática, pois o tempo disponível para as atuais autoridades é limitado, principalmente com o acúmulo de muitos problemas de forma simultânea, colocando em risco até manutenção do seu mandato às próximas eleições, mesmo com todo o poder disponível por um governo eleito.



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