Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Legitima Procura de Informações Positivas Sobre o Brasil

22 de novembro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

É mais que legitima que parte da imprensa procure destacar dados ligeiramente melhores deste final do ano, quando comparados com os dos últimos tempos, projetando um cenário mais brilhante nos próximos anos, sobre os quais não existe nenhuma segurança. Mas parece que é indispensável ser realista quanto o quadro político e da administração pública do Brasil, envolvendo o Legislativo e o Judiciário, bem como a luta com a falta de uma clareza de um plano mínimo do Executivo. O cenário internacional ainda não fornece ventos favoráveis e as fortes desigualdades na população do mundo se aprofundam. Elas estimulam crises agudas clip_image002até nos países vizinhos, que apresentam riscos de contaminarem o nosso. Parece desejável um pragmatismo ideológico maior, fazendo o possível, mesmo que não seja do nível desejável por todos.

Segundo os dados no EPEIA, o principal centro de pesquisas do Governo Federal, mais de cem mil brasileiros vivem nas ruas, além dos milhões de desempregados e subempregados que moram nas favelas ou habitações precárias

Fiquei muito chocado quando meu neto, de somente seis anos, comentou comigo que viu alguns populares procurando alimentos nos lixos. É a triste realidade que estamos enfrentando com a recessão que já se prolonga por muitos anos, num país que teria todas as condições para oferecer um padrão de vida digno para a sua população, mas a dura realidade choca até os mais ingênuos. O que mais aflige, entre os muitos problemas, é a desigualdade entre os privilegiados brasileiros com relação aos que estão nas condições mais precárias, que tende a se aprofundar. Os melhores aquinhoados, em vez de efetuar investimentos no Brasil para ajudar a criar empregos, se transferem para o exterior, onde se sentem mais seguros com seus patrimônios.

Não basta a adoção de uma política econômica que seja considerada teoricamente adequada. O Chile, onde isto veio ocorrendo, não foi capaz de evitar alguns outros problemas graves, provocando violentas manifestações populares contra o governo, que ainda não conseguiu acalmar os insatisfeitos, mesmo com a promessa de uma substancial reforma constitucional. Algo parecido vem ocorrendo na Europa e no resto do mundo, quando as melhorias recentes das distribuições de informações parecem favorecer a rápida divulgação destas noticias chocantes.

Isto torna urgente que o governo do Brasil, além da divulgação exagerada de suas posições altamente conservadoras, tome medidas concretas que suavizem as insatisfações populares mais urgentes. Afirma-se que a população brasileira tende a ser mais tolerante, mas distorções que já ocorrem nas grandes metrópoles indicam que há uma insatisfação no ar, agravada por forças de seguranças que só aprenderam o emprego da violência, que agrava os problemas existentes sem os resolverem.

Parece indispensável que o governo disponha de um plano fácil de ser compreendido pelo grosso da população, sem a desejável conquista do apoio político no Congresso Nacional, que só beneficia os poucos eleitores dos parlamentares que o compõe. O povo entende que tais medidas são indicativas de práticas políticas obsoletas, que não resolvem os problemas nacionais e suas agudas dificuldades do presente, não havendo mais tempo para aguardar medidas que eventualmente tendam a resolver seus graves problemas no futuro.

Mesmo os bons planos exageradamente amplos apresentam dificuldades até para a boa compreensão dos especialistas. Para os leigos, soam como sonhos distantes, mais acadêmicos do que práticos, dando a impressão que não resolvem seus problemas presentes, que são de sobrevivência na calamidade em que vivem.

Sentem que se trata de politicalhas que só beneficiam os que estão no poder ou na administração pública, sem representar as soluções de emergências para os problemas que enfrentam no seu cotidiano. Os que têm alguma experiência na administração pública sabe que a população interpreta a polícia e as autoridades como aqueles causadores dos seus problemas e não os que lhes trazem alguma suavização de suas urgentes necessidades. Se isto ocorre mesmo em situação normal, na depressão econômica acaba-se desejando o impossível, algo com o milagre que não existe para a maioria. Mas, algo próximo, pode ser possível.

Não resta ao governo senão tomar medidas emergenciais, urgentes, que demonstrem a sua preocupação com os mais desfavorecidos. Tornou-se indispensável reduzir a impressão do aumento da desigualdade da população, elevando a assistência médica pelo SUS nos hospitais públicos, aceleração das construções populares que ajudam a criar empregos, transporte popular de baixo custo para os desempregados (existem idosos que podem pagar parte de suas passagens) como alimentações emergenciais, entre outras poucas medidas. Os estudos técnicos estão indicando que a melhoria do saneamento proporciona retornos positivos, com a redução dos gastos com as assistências medicas necessárias no futuro. Tudo isto exige muito trabalho, mas existem “marajás” no setor público, que recebem expressivas remunerações sem sequer fazer nada.

Alguns políticos no passado perceberam que combater os privilégios dos funcionários públicos torna-se popular para os governantes e como eles são hoje os principais geradores dos déficits públicos, sem nenhuma demagogia, parece ser um caminho que deva ser examinado.



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