Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Três Décadas dos Brasileiros no Japão

12 de fevereiro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 6 Comentários »

Dois artigos publicados na Folha de S.Paulo voltam a tratar dos problemas enfrentados por migrantes brasileiros que vão trabalhar legalmente no Japão, que continuam numerosos. O governo daquele país autorizou que descendentes de japoneses até três gerações que morassem no exterior possam voltar para trabalhar legalmente no Japão, inicialmente de forma temporária que foi sendo renovado, tornando-se permanente de fato. Alguns deles, mais jovens e alguns que lá nasceram nestas famílias, por não terem o domínio do português por frequentarem escolas japonesas, não conseguem se comunicar adequadamente com seus pais, que, mesmo depois de muito tempo, só conseguem comunicar-se no idioma japonês de forma precária. O estudo do português custa bastante caro por lá. Um dos artigos é do jornalista Bruno Benevides, que foi ao Japão por conta do Gaimusho, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão. Outro é do Fernando Itokazu, que escreve do Japão para jornais brasileiros. 

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                        Hamamatsu continua com a maior comunidade de brasileiros no Japão

Como é bastante divulgado, muitos trabalhadores brasileiros, descendentes de imigrantes japoneses, começaram a trabalhar nas empresas de montagem de automóveis, não necessitando do domínio do idioma japonês, como acontece em Hamamatsu. Ainda hoje, depois de muitos anos, eles enfrentam problemas de uma comunicação adequada com seus filhos, que, por frequentarem escolas japonesas, dominam o idioma local sem terem aprendido adequadamente o português, salvo exceções. Ainda que existam escolas para estes brasileiros, seus custos são elevados. A existência de uma comunidade razoavelmente numerosa de brasileiros, no cotidiano pode se viver sem usar o idioma local. Com o baixo crescimento da economia brasileira e a falta de um emprego adequado neste país, novos contingentes de imigrantes voltaram a apresentar um ligeiro crescimento do número de brasileiros no Japão.

No caso do Fernando Itokazu, cuja família originou-se em Okinawa, que não era do Japão até o final de Segunda Guerra Mundial, o seu primeiro nome é Motomitsu, que soa para os japoneses como um sobrenome, razão por que ele usa o prenome brasileiro, por ter sido objeto de brincadeiras entre seus colegas japoneses. Meus filhos que receberam posteriormente o nome da família da minha esposa também enfrentam problemas, pois não são usuais no Japão dois nomes de familiares.

Ainda que o Japão participe da comunidade mundial com suas relações internacionais, o país continua com poucas influencias do exterior. Os imigrantes que estão suprindo de forma crescente as necessidades de recursos humanos num país cuja população se torna idosa e decresce, mas, por terem posições secundárias, não são influentes para mudar os hábitos de um povo consolidado num arquipélago.

Na tradicional e antiga Ásia, as diferenças como o Novo Mundo das Américas são acentuadas, não se podendo esperar mudanças radicais na sua cultura, mesmo com algumas décadas. Ainda que o idioma seja dos principais problemas, outros de diferenças na vida cotidiana acabam criando pequenos problemas. Muitas crianças descendentes de brasileiros ficam marginalizadas, sendo em grande número nos estabelecimentos onde estão detidas para a sua reeducação.

Mesmo que alguns tenham ingressado em universidades consagradas no Japão, ainda são exceções. Como também alguns conseguiram sucesso como empresários no Japão, conseguindo posições invejáveis. Parece natural que estes ajustes necessários acabem ocorrendo com o longo do tempo, ainda que existam problemas dramáticos que afetam muitas famílias de origem brasileira.


6 Comentários para “Três Décadas dos Brasileiros no Japão”

  1. Carlos Silva
    1  escreveu às 21:20 em 12 de fevereiro de 2020:

    Ótimo artigo! Parabéns!

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 16:48 em 13 de fevereiro de 2020:

    Caro Carlos Silva,

    Obrigado muitíssimo pelo comentário.

    Paulo Yokota

  3. Lívia G. Gomes
    3  escreveu às 23:09 em 12 de fevereiro de 2020:

    Legal! Amo o Japão, a sua cultura e o seu povo!

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 16:46 em 13 de fevereiro de 2020:

    Cara Lívia G. Gomes,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota

  5. Milton
    5  escreveu às 08:33 em 15 de fevereiro de 2020:

    Também aqui no Brasil os membros das gerações descendentes são vistos, de certo modo, como estrangeiros, porém, melhor acolhidos pelos brasileiros.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 15:52 em 18 de fevereiro de 2020:

    Caro Milton,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota


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