Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A China Anuncia Novo Plano “Marcha Para o seu Oeste”

20 de maio de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo publicado por Frank Tang no South China Morning Post informa sobre o novo planejamento do governo da China que, para superar as dificuldades atuais, promove um desenvolvimento do Oeste do país, na direção da Nova Rota da Seda. Os atritos com os Estados Unidos e as dificuldades de redução do processo de globalização, o crescimento que vinha se observando naquele país reduziu-se substancialmente e a China procura um novo impulso que seria provocado por um ousado plano de desenvolvimento do seu Oeste, que, mesmo com menor intensidade populacional, conta com importantes recursos energéticos.

Quando o país era comandado por Mao Zedong havia uma intenção semelhante, mas quando Deng Xiaoping o sucedeu acabou-se acelerando o desenvolvimento do Leste mais avançado e próximo aos portos, aproveitando as oportunidades da globalização e das exportações. Com a mudança recente da economia mundial, o governo daquele país retoma um agressivo plano para o desenvolvimento do seu Oeste, no rumo da Nova Rota da Seda.

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Mapa atual da China, com o Leste desenvolvido, e agora se volta para o desenvolvimento do Oeste, no rumo da Nova Rota da Seda

O Oeste da China é rico em energia e todos sabem que, apesar da privatização de muitas das suas atividades empresariais, o governo daquele país tem uma influência decisiva na implantação da infraestrutura, estando há anos perseguindo a sua Nova Rota da Seda, facilitando o acesso à Ásia, Europa e África.

A decisão é conjunta do gabinete do governo da China, o Conselho de Estado e o Comitê Central do Partido Comunista. Promove-se este desenvolvimento equilibrado da China, com um planejamento regional, coordenando interesses gerais, internos e externos. A infraestrutura de transporte inclui a ferrovia Sichuan-Tibet, uma ferrovia de alta velocidade ao longo do rio Yangtze, uma série de aeroportos, reservatórios e projetos de irrigação. Portanto, liga-se o Centro da China com o Extremo Oeste.

O conjunto de projetos envolve uma intensificação da economia interna, denotando o desejo de depender menos do resto do mundo. No passado, estas tentativas resultaram em um misto de redução das desigualdades regionais. A participação das Províncias tinha passado de 1,8% para 20,5% do total do país, mas beneficiando mais as orientais. Na atual crise, as Províncias Ocidentais sofreram menor impacto.

No plano atual, a China procura se tornar autossuficiente nas principais tecnologias, produção de alimentos e demanda do consumidor, segundo as ideias do presidente Xi Jinping. Também os chineses se preocupam das principais democracias do Ocidente dependerem menos nos suprimentos críticos da China.

Do ponto de vista geopolítico, o Brasil precisa observar o que está acontecendo no mundo, com a maioria dos países procurando se concentrar na economia interna. É evidente que continuará fornecendo minérios e produtos alimentícios para o resto do mundo, mas, na medida em que muitos países importantes estão dando prioridade ao suprimento interno, também os brasileiros devem se preocupar com o mercado local, não dependendo exageradamente dos mercados externos, nem para financiar os seus grandes projetos de infraestrutura.



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