Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

É Sempre Mais Fácil Falar do que Fazer

8 de maio de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Saúde | Tags: , , , ,

Quando ajudávamos a lecionar Planejamento Econômico na FEA – USP – Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, inspirado nas iniciativas em voga nas Nações Unidas, recomendava-se que uma das tarefas prioritárias fosse chegar a um diagnóstico o melhor possível da situação em que estávamos. Avaliava-se com o que se contava como os recursos humanos e econômicos para enfrentar as principais dificuldades a serem superadas. Depois se podiam estabelecer os objetivos, selecionar os instrumentos a serem utilizados pelo governo e escolher a estratégia de como atingi-los com a eficiência mais elevada possível. Tivemos oportunidade de usar parte destas teorias quando participamos do governo brasileiro.

No momento atual, enfrentamos muitos problemas simultaneamente com a carência de um diagnóstico adequado elaborado pelo atual governo. Dois exemplos críticos demonstram algumas razões da baixa eficiência da ação do governo, mesmo reconhecendo as múltiplas limitações naturais em situações complexas no Brasil e no mundo, que dificultam as atuações das autoridades. Sem nenhuma pretensão acadêmica ou arrogância, o primeiro seria naturalmente o do setor de saúde no Brasil atual e o segundo as condições para assistência mínima dos mais afetados da população brasileira com a atual crise econômica que enfrentamos.

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Chocantes enterros coletivos das vítimas de coronavírus no Amazonas

O atual problema de pantomia do coronavírus não é o primeiro que ocorreu no mundo e nem no Brasil, como já mencionado neste site num outro artigo. Os brasileiros contam com o SUS – Sistema Único de Saúde, considerado por muitos como uma rede hospitalar exemplar para atender a população do país todo. No entanto, não havia um diagnóstico informando que ele não contava com o fornecimento de materiais de proteção dos profissionais de saúde, como máscaras, roupas adequadas, luvas e outros materiais para evitar suas contaminações, dependendo de fornecimentos do exterior. Não se contava com UTIs – Unidades de Terapia Intensiva para atender o mínimo indispensável dos pacientes com recursos humanos treinados e equipamentos como respiradores, mesmo com a estratégia de tentar alongar a necessidade dos pacientes. O problema já vinha ocorrendo em outros países e não se providenciou a aquisição dos mesmos, até quando o mercado mundial já não tivesse capacidade para atender a demanda de muitos países simultaneamente. O governo não tinha um diagnóstico adequado desta situação da saúde e está registrando dados altos de contaminados e muitas mortes que poderiam ser reduzidas. Os recursos financeiros indispensáveis não foram providenciados a tempo, portanto, uma falta de um diagnóstico adequado que está agora implicando com custos elevados, de recursos humanos como econômicos.

Diante dos aumentos substanciais de muitos trabalhadores sem rendas, o governo autorizou a concessão de benefícios de emergência que até hoje não se sabe quanto vai custar. O governo não tinha a consciência que muitos eram analfabetos e nem tinham condições de comprovarem suas existências, preenchendo as condições impostas. Agora, a Caixa Econômica Federal afirma que são numerosos e não contam com as documentações para habilitá-los a receber o mínimo para o seu sustento temporário. Filas enormes se formam nas agências da Caixa, cujo presidente alega que são milhões. Não havia um diagnóstico para o conhecimento mínimo da população brasileira e das condições com que a Caixa contava para o atendimento. Hoje, os mais necessitados são submetidos às longas filas e esperas, inclusive à noite, não tendo condições de correção de eventuais erros com rapidez. Um sacrifício adicional que poderia ser evitado com um planejamento mais adequado. Reconhecendo as dificuldades para concretizar algo semelhante, existem países que estão proporcionando estas assistências de forma indiscriminada para toda a população, até de trabalhadores estrangeiros.

Todos estes problemas provocam um desgaste do governo brasileiro que conta com recursos humanos competentes, mas que conhecem pouco do Brasil real, não permitindo a eficiência da ação governamental, nesta emergência que apresenta muitos outros problemas simultaneamente. Um diagnóstico mínimo teria proporcionado uma eficiência maior do governo.



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