Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Beirando a Loucura com Coronavírus no Brasil

7 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: , , ,

A impressão que fica para os que desejam acompanhar a difícil situação em que se encontra o Brasil na evolução da pandemia coronavírus é de que o governo federal brasileiro, constatando uma febre alta, resolve destruir o termômetro. O que não indica nenhuma racionalidade, deixando todos sem saber onde se encontram e para onde se evolui, por mais que os dados atuais sejam negativos. Quando muitos especialistas acreditam que os dados oficiais estão subestimados, por não incluírem os dos que faleceram sem o diagnóstico adequado de suas causas, as autoridades afirmam que eles estão superestimados, mesmo divulgados por eles mesmo.

Os últimos dados coletados pela equipe da Folha de S.Paulo composta por Renato Machado, Daniel Carvalho, Matheus Teixeira e Natalia Cancian indicam:

BRASIL X COVID-19

São brasileiros…

2,7% da população mundial

9,5% dos casos de Covid-19 registrados no mundo

8,8% das mortes acumuladas por Covid-19 registradas

28% das mortes diárias registradas em 4.jun, recorde diário no país

3o. lugar no mundo em número de mortes (atrás de EUA e Reino Unido)

103 dias de pandemia (do primeiro diagnóstico, em 25.fev, até sábado, 6.jun)

646 mil casos confirmados

35 mil mortes confirmadas

6.000 mortes em excesso subnotificadas por erro em testes *

27 estados com casos de Covid-19 (100%)

4.324 municípios com casos de Covid-19 (78%)***

5 estados com lotação de UTI superior a 90% **

Fontes: Governo federal; Johns Hopkins University (EUA); * DeltaFolha; **secretarias estaduais da Saúde; *** Brasil.io, grupo colaborativo que milita por dados abertos; dados até 5 de junho​

O mínimo indispensável para quem analisa a preocupante situação brasileira são dados confiáveis, para avaliar o que pode ser feito para minorar a situação. Perdidos na atual confusão, não há como traçar um plano de ação governamental, dentro do que se conhece sobre o assunto no mundo atual, que apresenta situações diferenciadas que vão evoluindo. Nem o próprio governo federal acaba dispondo do necessário para a sua atuação nesta lamentável situação.

Chega a ser ridículo atribuir à imprensa intenções de prejudicar o governo propiciando uma imagem mais negativa do que a atual, que vai aproximando o Brasil das situações mais agudas no mundo. Ninguém que vive neste país se beneficia com tal situação piorada. Admitir posições diferentes na interpretação do que está acontecendo é o mínimo dentro de uma democracia, o que fica claramente assegurado pela Constituição, que em última palavra é interpretada pelo Supremo Tribunal Federal.

O atual problema do coronavírus no Brasil é basicamente de saúde pública, que está afetando a economia, a política e a lamentável situação social do país. Por mais que se disponha de militares competentes nas áreas para as quais foram preparados, muitos estranham que o Ministério da Saúde, principal organismo que deve cuidar do assunto, conte com uma visível maioria dos principais responsáveis de outras áreas, quando se conta com brasileiros qualificados na área de saúde.

Os países que vêm conseguindo resultados mais expressivos na atual crise eminentemente de saúde contam com a colaboração de sua população. Se o atual presidente da República não propicia um bom exemplo de comportamento, fica extremamente difícil que a população “fique em casa”, reduzindo as possibilidades de contágios desnecessários, com muitos afetados assintomáticos.

As informações disponíveis no mundo indicam que medicamentos como vacinas para o coronavírus demandam ainda muito tempo de trabalho para se tornarem efetivo para seus usos. Com as limitações de equipamentos e outros meios, principalmente de recursos humanos no Brasil, há que se contar com isolamentos que dificultem os contágios, mesmo havendo pressões de variados setores para a retomada normal de muitas atividades.

A atuação do governo, começando pelo federal, é de grande relevância, mas para tanto há que se contar com uma orientação clara para convencer toda a população até que haja um claro início do declínio da disseminação da atual pandemia.



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