Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Comportamento Pouco Usual do Emprego nos EUA

7 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

A imprensa norte-americana, incluindo o Wall Street Journal, vem anunciando com ênfase a forte recuperação do emprego nos Estados Unidos, quando o usual seria um processo mais lento e cauteloso. Estima-se que mais de 2,5 milhões já voltaram a ter seus empregos. Existe um fenômeno conhecido na economia chamada de acelerador, que se diferencia do multiplicador e poderia explicar parte do que estaria acontecendo, onde os cortes recentes teriam sido exageradamente drásticos com a crise atual. Não se pode desprezar também os fatores eleitorais, onde o presidente Donald Trump concorre à reeleição, no qual o imagecomportamento da economia tem sido tradicionalmente relevante. Os seus partidários estariam ajudando neste processo de criação de novos empregos.

Ilustração no Wall Street Journal sugerindo que as mulheres que trabalhavam nos seus empregos foram as que recuperaram suas ocupações, constante do artigo publicado no seu site, que também coloca algumas dúvidas sobre o fenômeno e que vale a pena ser lido na sua íntegra

O que se espera é que este fenômeno continue no tempo, não se tratando de algo temporário, pois a economia norte-americana, apesar de ter reduzido a sua importância no mundo, continua ainda sendo a primeira, podendo influir nas demais que também procuram uma recuperação. A velocidade não esperada da propagação do corunavírus pelo mundo assustou a todos os países, que aos poucos procuram voltar para próximo do seu normal, num processo que costuma ser bastante demorado.

O que vem se observando é que o presidente Donald Trump, à semelhança do Jair Bolsonaro, reage muito emocionalmente, mas muitas vezes é obrigado a se ajustar às limitações da dura presente realidade. Os empresários do mundo ainda estão cautelosos, mesmo ansiosos pela volta à situação anterior ao provocado pelo corunavírus, pois os riscos continuam elevados, mesmo com alguns estímulos fiscais e creditícios. Mesmo considerando as oportunidades de expressivos ganhos, que ainda se restringem às aplicações nas bolsas e nos títulos públicos.

Lamentavelmente, os que acabam sendo os mais prejudicados são os agentes menos privilegiados, como os empregados de baixa qualificação, apesar das esperanças de muitos que as desigualdades entre as pessoas sejam reduzidas no futuro. Quando as orientações governamentais são pouco claras, os riscos acabam se elevando, determinando comportamentos mais conservadores dos empresários e dos investidores.

É preciso reconhecer que nos Estados Unidos as legislações sobre o emprego são generosas para os empresários, dependendo exclusivamente do que acontece no mercado. Mesmo em países como o Brasil, onde havia uma detalhada legislação protegendo os empregados, o que se constata é que muitas flexibilidades estão sendo adotadas, inclusive com a possibilidade de redução das remunerações. A injustiça ocorre com muitos funcionários públicos, que, dispondo de poder político, continuam elevando as suas vantagens, o que acaba sendo pago pela sociedade como um todo, na forma de tributações mais elevadas.

De qualquer forma, a recuperação da economia acaba sendo importante para todos, pois as limitações existentes não podem ser superadas pelos meros discursos, mas pelas decisões que ocorrem no mundo real. O que parece indispensável é que haja uma crescente transparência das autoridades, para que outros não sejam induzidos a erros.



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