Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Convivências das Famílias no Mundo com o Coronavirus

9 de junho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo interessante elaborado por Motoko Rich, do New York Times e publicado em português pelo site de O Globo, descreve muitas verdades, ainda que contenha também ligeiras distorções usuais sobre a convivência das famílias japonesas. Parece evidente que, comparando com os ocidentais, os japoneses tendam a ser mais machistas, mas há que se constatar que as mulheres japonesas tenham muitos poderes nas decisões fundamentais de uma família. Por exemplo, as decisões das compras importantes, como de uma residência ou clip_image002de um automóvel, as opiniões delas têm muito peso. No entanto, existem os que apontam as responsabilidades das finanças das famílias para as mulheres acabam se tornando encargos pesados, quando os recursos são escassos.

Foto constante do artigo publicado no site de O Globo, onde a mulher cuida das lavagens das roupas, enquanto o esposo simplesmente “mata” o tempo, que vale a pena ser lido na sua íntegra

Segundo o que consta do artigo, Sussumu Kataoka, que é consultor de marketing digital, teria pegado o seu drone, tirou algumas fotos para veicular pelo Facebook, quando sua mulher cuidava de tudo da família com duas filhas, o que ela evidentemente não gostou. Ele pensava que fazia o suficiente, dando banho das filhas, pondo elas para escovar os dentes e lavando a louça. A esposa fez uma lista do que ela fazia para a família que tinha 210 tarefas, enquanto a dele tinha somente 21.

A recomendação do governo japonês para que todos fiquem em casa, inclusive nos trabalhos a distância, acabou destacando a disparidade das divisões dos trabalhos domésticos nas famílias, acentuando o que já era usual no Japão. Os homens saem de casa pela manhã e ficam até a noite fora, inclusive com seus colegas de trabalho, enquanto as mulheres que trabalham fora ficam com jornadas duplas. Elas têm menos oportunidades de ascensão nas suas carreiras, com muitas trabalhando temporariamente.

Como as residências no Japão costumam ser pequenas para as famílias, a situação naturalmente tensa tende a agravar-se. Poucos homens apreciam as oportunidades de maiores convivências com seus familiares, que mesmo no Ocidente não são fáceis, que costumam ocorrer nos fins de semana ou nas férias. Com as escolas fechadas, os encargos relacionados à educação dos filhos acabam-se acrescentando.

Um levantamento efetuado pela empresa de pesquisa de mercado Macromill indica que entre os japoneses, com casais que trabalham fora, somente vinte por cento das tarefas domésticas ou menos ficam com os esposos.

Admite-se que, com a atual crise, alguns dos novos hábitos continuarão tendo importância, aumentando ligeiramente os encargos dos maridos, mas estas mudanças culturais não são fáceis de ocorrer. Para se tenha uma ideia de quanto os japoneses sejam prevenidos, a lista das tarefas elaborada pela família Kataoka também aventa a possibilidade de que a esposa tenha que ser internada por doença, servindo de orientação para o marido.



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