Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Aprendendo Com os Bons Exemplos

26 de julho de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: , ,

Talvez eu ainda seja um pouco romântico para acreditar que a imprensa, principalmente a brasileira, teria condições de contribuir para resultados melhores no combate à propagação da pandemia do coronavírus, independentemente dos efeitos políticos e eleitorais. Além das noticias alarmantes, haveria espaço para explicar ao público os bons resultados que estão sendo colhidos pelos países do Leste Asiático e suas possíveis causas, tentando adaptar algumas medidas para o Brasil. Insistimos clip_image002que um artigo publicado pelo autor de Cingapura, de origem indiana, Kishore Mahbubani no Project Syndicate seria um exemplo interessante.

Kishore Mahbubani, professor da Universidade Nacional de Cingapura, escreve regularmente para o Project Syndicate

É evidente que a imprensa privada, em qualquer país, necessita de leitores e anunciantes para se sustentar economicamente, a ponto deste site Asiacomentada não aceitar anúncios nem cobrar dos seus leitores, vivendo do nosso idealismo. As notícias chocantes costumam atrair muitos leitores, mais do que as que falam de trabalhos persistentes e muitas vezes antipáticos para muitos. Mas, lendo muitos jornais e revistas publicados no mundo, inclusive de forma eletrônica, observa-se pouquíssimos artigos sobre o que provoca bons resultados na contenção do coronavírus em alguns países. Kishore Mahbubani destaca os países do Leste Asiático, como já mencionamos neste site.

No relativamente pequeno Vietnã até agora não houve nenhuma morte provocada pela atual pandemia, a China mantém em 3,2 mortos por um milhão de habitantes, Cingapura (país-ilha) com 4,6, Coreia do Sul com 5,8, Japão com 7,8. Enquanto no Ocidente, os Estados Unidos com 429, Itália com 580, Espanha com 608, Reino Unido com 669, e a Bélgica com 845, segundo o autor. Ou seja, os países ocidentais estão com quase 100 vezes mais que os asiáticos.

Não seria o caso dos jornais brasileiros analisarem as possíveis causas de resultados tão discrepantes, para ver o que de bom pode ser adaptado para o Brasil? Acredito que haveria interesse de muitos leitores, pois a população está apavorada com as cifras brasileiras como as do rico Estados Unidos, que colocará em visível risco a reeleição de Donald Trump, com expressivos efeitos mundiais agravando os atritos com a China.

Kishore Mahbubani conhece bem o que aconteceu no Vietnã nas últimas décadas, um país que derrotou a França e os Estados Unidos militarmente com seu povo vivendo no subsolo, com armas como de bambus afiados, mantendo a China afastada do seu território. Seu investimento em saúde pública veio aumentando 9% ao ano, e não se destruiu a administração do país, havendo uma espécie de cultura local para os resultados que colhem em diversos setores. Como um exemplo, eles são hoje os segundo produtores de café no mundo, tendo superado a Colômbia, com pequenos agricultores.

A gigantesca China superou suas dificuldades e conta hoje com um desenvolvimento tecnológico para competir com os Estados Unidos, com a intensidade dos seus investimentos em pesquisas. O Japão e a Coreia do Sul geraram até a expressão “tigres asiáticos”. Os europeus aparentam ter dormido nos seus louros, com suas populações empolgadas com as manifestações populares incapazes de organizar um sistema adequado para atender seus desfavorecidos com sistemas de saúde eficientes. Cada caso merece estudos profundos, e seus aspectos positivos como negativos precisam ser adaptados para soluções no Brasil, que não pode ficar insistindo somente na abundância dos seus recursos naturais e uma miscigenação populacional dos imigrantes que recebeu de todo o mundo. Parecem ser assuntos desafiadores do ponto de vista jornalístico que não estão sendo explorados devidamente pelos jovens que estão atuando na imprensa.

Sou daqueles que acreditam que as dificuldades que estamos enfrentando, nos setores de saúde, político, econômico, social e meio ambiente, entre outros, acabam provocando reações criativas como já tivemos no passado. Mas elas podem aproveitar adaptações de soluções que estão sendo utilizados em alguns países estrangeiros e nada indica que estamos condenados a continuar patinando nas nossas limitações. Mas tudo vai exigir muito trabalho, persistência e paciência, pois milagres acontecem, mas são muito raros.



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