Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cifras Brasileiras que Assustam a População

14 de agosto de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

clip_image002Ainda que eu tenha exercido a função de diretor do Banco Central do Brasil há décadas, poucas vezes se falava de cifras superiores a um bilhão. Hoje, parece que isto se tornou rotineiro com muitas empresas de construção pesada que fizeram acordos de leniência, adaptados da legislação norte-americana, que superam em muito o R$ 1 bilhão. Agora, divulga-se que o doleiro Dario Messer (foto), cujo pai já tinha tradição de trabalhar com dólares em paraísos fiscais, fez um acordo de leniência com os juízes Alexandre Libonati e Marcelo Bretas, da 2ª e a 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, um acordo de leniência que corresponde a mais de R$ 1 bilhão, além do que já foi pago pelos seus familiares, estimado em R$ 370 milhões, e da prisão por mais de 18 anos. Não é nada agradável escrever sobre as mazelas brasileiras, sendo mais confortante falar sobre esforços feitos por brasileiros modestos para superar as dificuldades por que passam. Mas parece necessário ser realista e não um romântico para se chegar a algo construtivo.

Todos sabem que isto vem acontecendo desde as administrações federais do passado, mas o mais triste é que isto continua se repetindo até hoje, não havendo indícios seguros da sua diminuição, até pelo contrário. Os países que toleraram esta situação acabaram perdendo o dinamismo de suas economias entrando numa espécie de decadência. Sem a confiança na administração rigorosa do setor público, os riscos acabam aumentando, fazendo com que parceiros no exterior só façam negócios com os brasileiros se contarem com margens substanciais para eventuais riscos.

As corrupções sistemáticas acabam reduzindo as liberdades das democracias, que exigem uma transparência total. Mesmo nas aquisições de equipamentos emergenciais do necessário para enfrentar o terrível coronavírus está se constatando irregularidades com falsos empresários que tiram o máximo proveito até dos problemas de saúde pública.

Na medida em que se permitem irregularidades consideradas menos graves, como a invasão de terras públicas ou dos indígenas visando à extração irregular das madeiras e minérios, está se estimulando o crime, e muitos mal intencionados entendem que tudo é permitido, como se isto ajudasse no desenvolvimento, o que evidentemente é o contrário.

Isto não se resolve com medidas isoladas, mas exige um conjunto de providências interligadas, como se tratasse de uma cultura. Com a complacência com o crime não há desenvolvimento, mas o perigoso caos a que já muitos países estão envolvidos. Há que se corrigir com urgência estas distorções, para restabelecer no Brasil as condições indispensáveis para a volta ao processo de desenvolvimento.



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