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Relatos Ingleses Sobre o Brasil Colonial

13 de setembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

Um interessante artigo de Bolivar Torres publicado no site de O Globo relata sobre pesquisas efetuadas por Sheila Hue e Vivien Kogut Lessa de Sá, esta uma professora da Universidade de Cambridge, transformado num livro com o título “Ingleses no Brasil: Relatos de Viagem”, editado pela Chão Editora, que reúne 12 narrativas de diversos autores, todos inéditos no clip_image002Brasil. A pesquisa recebeu o apoio da Biblioteca Nacional.

Gravura holandesa com a representação de São Vicente e Santos (1624), incluída no livro "Ingleses no Brasil". Foto: Divulgação, constante do artigo publicado no site de O Globo, que vale a pena ser lido na sua íntegra

Segundo Bolivar Torres, os relatos de viajantes portugueses, espanhóis e franceses pelo Brasil Colônia são mais conhecidos, mas os dos ingleses ainda permanecem obscuros. Este vazio está sendo preenchido parcialmente pelo livro editado pela Chão Editora, que reúne 12 narrativas de clip_image004diversos autores, todos inéditos no Brasil. São miniautobiografias, cartas comerciais, diários de bordo, depoimentos orais à Justiça e cosmografias, obras “científicas” sobre regiões do planeta, que trazem um olhar diferente dos tradicionais. Os ingleses não tinham um projeto de colonização, mas de pilhagens do que os portugueses obtinham no Brasil da época.

Imagem do panfleto de Henry Roberts, representando James Lancaster e seus homens em Pernambuco, incluída no livro "Ingleses no Brasil" Foto: Divulgação

Estes relatos são bastante diferentes entre eles, pois estes ingleses tinham objetivos diversos, alguns até de estabelecer a possibilidade de comércio regular do Brasil Colônia com Londres. Outros eram de verdadeiros piratas que procuravam apreender o que os portugueses conseguiam neste novo território. Alguns chegavam a ser quase românticos, como sonhos que inspiravam muitos trabalhos da época. Portanto, eles precisam ser avaliados com as devidas reservas.

Alguns autores eram cultos, humanistas, usando uma literatura europeia do Renascimento, enquanto outros eram duros e rudes, como dos não escolarizados da época. Como regra geral, os ingleses possuíam uma visão crítica dos ibéricos, com os quais eles tinham rivalidades comerciais e religiosas.

Há pelo menos um elemento comum que marca quase todas as narrativas: o olhar negativo sobre os rivais ibéricos, com quem os ingleses travavam conflitos comerciais e religiosos. Tantos colonos quanto portugueses costumam ser descritos como mentirosos, cruéis, covardes e desastrados nas artes da guerra. Este é, aliás, um dos fatores que tornaram esses textos pouco difundidos por aqui, acreditam as pesquisadoras.

Existem ainda muitos documentos históricos da época a serem examinados, que poderão ajudar a fornecer um quadro mais completo. Os atuais incluem os depoimentos de John Sarracoll, Thomas Turner, James Lancaster e Peter Carder, servindo como aperitivo para outras pesquisas adicionais.



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