Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Utilização Racional da Água

23 de setembro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

Apesar de o Brasil ser um dos países no mundo que mais dispõe de água potável, não se conseguiu ainda formas racionais do seu uso de forma generalizada, a ponto de sofrer com os violentos incêndios que atingiram nossas florestas. Quando se imagina que o uso da água pode ser gratuito, ninguém vai se empenhar para investir na sua custosa e eficiente disponibilidade, ficando sujeito às chuvas que ainda não se conseguiu serem controladas.

Acompanhando um engenheiro agrícola japonês, fomos observar as irrigações feitas ao longo rio São Francisco. Ele constatou que estávamos usando água demais, algo em torno de 2.000 ml por ano para irrigação, visando a plantação de uva de qualidade para a produção de vinho, imagequando bastava algo em torno de 300 ml ano, como feito na Borgonha, na França, em terreno pedregoso. Para a produção de um bom vinho, as hastes são estranguladas com arames, para reduzir as seivas a chegarem aos frutos. O excesso do uso da água no Vale do São Francisco tendia a provocar a formação de placas em terrenos salinos, cuja eliminação era extremamente custosa.

Produção de uva irrigada no Vale do São Francisco está usando mais água do que o necessário

imageNa Califórnia, nos Estados Unidos, as águas captadas das Cordilheiras das Montanhas Rochosas são vendidas de forma onerosa para as irrigações. Em Israel, costuma se usar técnicas como de gotejamento das águas, restringindo-se ao mínimo indispensável, o que já é efetuado também no Brasil em casos limitados.

Irrigação por gotejamento desenvolvido em Israel adaptada para o Brasil

Muitas produções agrícolas no mundo já utilizam os chamados “vinil house”, que controlam todos os fatores como a água, a insolação, umidades indispensáveis, com todos os fertilizantes necessários para a produção. Mas são usados para produtos de alto valor, normalmente de hortaliças, ainda em quantidade limitada.

As produções irrigadas em grande escala usam os chamados “pivot central”, permitindo mais que duas safras por ano, normalmente utilizados no Brasil para a produção de sementes que proporcionam preços mais elevados. São muito utilizados onde se dispõe de energia elétrica rural e imageabastecimento regular de água. Existem muitos projetos intermediários para a produção específica de alguns produtos agrícolas, até de voltados à exportação.

Existem muitos tipos de irrigação usando o pivot central, que permite até três colheitas por ano, necessitando de energia elétrica rural e suprimento regular de água

Os incêndios em florestas, pantanais e cerrados, que estão ocorrendo em muitas partes do mundo, são agravados pelos problemas climáticos, com secas que se repetem de tempos em tempos. Apesar de necessitarem de água no seu combate, tendem ser de escalas maiores, não se conseguindo algo eficiente.

Tudo indica que o mais viável ainda seja a administração adequada das florestas, em blocos intercalados de espaços para evitar a propagação do fogo por todas elas. A água ainda é somente um produto adicional, salvo nos casos de chuvas. O que pode indicar que as existências de florestas tendem a reduzir os problemas climáticos, ainda que não se disponha de dados científicos para tanto.


2 Comentários para “Utilização Racional da Água”

  1. Yoshio Hinata
    1  escreveu às 11:24 em 24 de setembro de 2020:

    Yokota san
    Como cita no artigo que incêndios florestais no mundo vem de problemas climaticos, só que agora no Governo Bolsonaro
    todos os contrários colocam ele como o responsável???

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:57 em 24 de setembro de 2020:

    Caro Yoshio Hirata,

    Não parece haver dúvidas que os problemas climáticos provocaram incêndios em escala menor em muitas partes do mundo, mas no caso brasileiro o problema foi agravado pela falta de restrições aos incêndios nas terras griladas, nos desmatamentos e minerações ilegais, onde haviam restrições que não foram coibidas pelas autoridades brasileiras, muitas que não conhecem a Amazônia, o Pantanal e os Cerrados.

    Paulo Yokota


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