Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Brasil Ainda Não Entendeu a Ásia

5 de outubro de 2020
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , , , ,

Todos sabem que o Ocidente ainda não entendeu exatamente o que deve esperar da Ásia e da China. Um novo livro do economista e ex-diplomata de Cingapura, Kishore Mahbubani, considerado um dos melhores analistas do está acontecendo naquela parte do mundo, esclarece parte do problema. A indicação é da ex-diplomata brasileira Tatiana Rosito (foto), que atuou mais de dez anos em Beijing e em Cingapura e hoje trabalha no Conselho Empresarial Brasil – China, entre outras funções. O livro ainda só conta com texto em inglês. imageTem o título “Has China Won?” (A China Venceu?), como um contraponto ao que Francis Furukawa colocava há décadas, imaginando que os Estados Unidos tinham acabado com o que não seria capitalismo no resto do mundo.

Nem todos sabem que a China conta com uma história de mais de quatro mil anos na vanguarda do conhecimento científico, como aponta Joseph Needham, da Universidade de Cambridge. Depois da imageGuerra do Ópio (1839-1949) até a Revolução Comunista de Mao Tsetung, vasta porção da China foi ocupada por estrangeiros. O que Mahbubani afirma é que o Ocidente deve considerar mais o país do que o comunismo, fazendo uma transição do enfoque ideológico para o pragmatismo, abraçando a globalização, que chamam de multilateralismo na versão atual.

Kishore Mahbubani, de Cingapura, escreveu um livro sobre a Ásia

Ainda que a China seja o principal importador de produtos brasileiros, começando pelos da agropecuária e mineração, além de principal investidor na infraestrutura do Brasil, as questões ideológicas acabam ganhando espaço, deixando o pragmatismo que deveria prevalecer na diplomacia do país. Isto acontece também com outros países do Ocidente com relação à Ásia.

Mahbubani resume a atual situação nas seguintes proposições: 1) Os Estados Unidos perderam o seu caminho; 2) A China encontrou o seu; 3) O que isto representa para o futuro do mundo?

Segundo ele, nos Estados Unidos, entre 1980 e 2010, a renda dos mais pobres ficou estagnada. Na China, criou-se uma expressiva classe média no período. Ele destaca que a meritocracia foi utilizada. Este processo está beneficiando os demais vizinhos da Ásia, entre os componentes da ASEAN – Associação dos Países do Sudeste Asiático.

A China está concentrada nos seus problemas internos, ainda que se possa afirmar que o programa da Nova Rota de Seda procura criar novos relacionamentos, que momentaneamente foi prejudicado pela recessão que se seguiu à pandemia da Covid-19.

Seria interessante que os brasileiros façam as devidas reflexões sobre aspectos que constam do novo livro.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: