Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Confuso Relacionamento do Brasil com a China

17 de fevereiro de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Possivelmente pela falta de outros assuntos prioritários, a Folha de S.Paulo, na sua edição desta segunda feira, volta a tratar num artigo de Julio Wiziack e Ricardo Della Coletta da divergência do Itamaraty com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming. Como todos sabem, a China é o maior importador de produtos brasileiros no mundo, com um quarto do total geral. O natural seria o Brasil tratar com carinho o relacionamento com aquele país, mas, com a indevida interferência do deputado Eduardo Bolsonaro, assume colocar este relacionamento em risco, ainda que os chineses ignorem de forma completa os procedimentos clip_image002que não sejam tradicionais na diplomacia mundial.

O embaixador chinês Yang Wanming, em Brasília, ignora procedimentos não tradicionais da diplomacia mundial tomadas pelo Itamaraty, apesar da China ser a maior importadora de produtos brasileiros no mundo

Chega a soar ridículo que o Itamaraty tome atitudes não tradicionais da diplomacia mundial para atender o deputado filho de Jair Bolsonaro, pedindo que o embaixador chinês seja afastado do seu posto em Brasília. Isto é um amadorismo chocante do chanceler Ernesto Araujo, que procura agradar o presidente Jair Bolsonaro a qualquer custo, colocando em risco bom relacionamento brasileiro com o maior importador de produtos do país, num período difícil da economia mundial, quando o Brasil necessita contar com exportações crescentes para manter o seu crescimento econômico.

Aqueles que acompanham o que acontece na China sabem que eles estão procurando aumentar sua produção interna de cereais como a soja, carnes de variados tipos, celuloses e minérios, o que devem conseguir com as suas pesquisas. O Brasil conta com estes produtos com preços competitivos, mas nenhum país pode depender das importações de produtos para atender a demanda da sua população. Os experientes nestes assuntos sabem que a logística indispensável conta com a exportação chinesa de produtos industriais para o Brasil e o sistema fica eficiente com fluxos constantes nas duas direções, sem deixar ociosos navios de grande porte para as grandes distâncias entre os dois países.

Na medida em que se contem com cargas confiáveis em ambos os sentidos, por períodos longos, os pesados investimentos em infraestrutura se justificam, com proveitos para ambos os países. Preservar estas condições parece ser relevante tanto para o Brasil como à China, não dependendo de quem esteja no governo por períodos limitados.



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