Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Convivência com os Políticos Brasileiros

3 de março de 2021
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , ,

Se existe algo que vem mudando rapidamente no Brasil atual é o preparo de novos políticos. Há pouco mais de seis décadas, os políticos brasileiros passavam anos para se tornar conhecidos e influentes e hoje, bem ou mal, em poucos meses surgem os que nem seus nomes são conhecidos e tendem a desaparecer em pouco tempo, sem sequer terem dados clip_image002suas contribuições para o Brasil. Comecei a ter os contatos com os políticos nos anos cinquenta do século passado e hoje mal conheço seus nomes, apesar de procurar acompanhar ao máximo os meios de comunicação social.

Faculdade de Direito do Largo São Francisco formou muitos políticos brasileiros, inclusive de outros estados

No passado, figuras como Adhemar de Barros, Janio Quadros, Ulisses Guimarães, Magalhães Pinto, Tancredo Neves e outros mais recentes, como Jarbas Passarinho, José Sarney, Virgilio Távora, Antonio Carlos Magalhães, entre muitos outros políticos, necessitavam de décadas de preparo para chegarem a postos importantes, mas permaneciam por outras décadas no cenário nacional, bem ou mal. É verdade que as suas imagens públicas nem sempre correspondiam à realidade. Adhemar de Barros era formado em medicina na Alemanha, versado em música clássica, mas vendia uma imagem popular. Janio Quadros convivia com seus amigos alimentando-se bem, mas comparecia nos comícios com roupas sujas e um sanduiche no bolso.

Tudo funcionava como se tivéssemos um sistema parlamentarista com voto distrital. Além dos políticos que se mantinham na capital, havia que se contar com suas esposas e correligionários que atendiam aos seus eleitores em suas bases. Todos tinham seus comitês onde estavam seus eleitores. Quando estava num órgão de governo, eram comuns as esposas destes políticos me ligarem pelo telefone pedindo para lembrar que fulano necessitava um cargo até o mais simples, como de um contínuo. Cada uma delas tinha cerca de 100 mil afilhados que precisavam atender.

Atualmente, estando numa palestra, percebo que um deputado federal também participa do evento, mas nem procura cumprimentar-me e mal fala com os outros, como se não precisasse mais dos votos. Possivelmente, alguns contam com custosas organizações para terem as votações necessárias. Ou abusam das mídias expressando algo bombástico, inclusive com redes sociais que também custam para se manter ativos.

É verdade que estas mudanças não ocorrem somente no Brasil, mas em países onde o número de partidos políticos é mais restrito, e é difícil que se passe de um para outro com a facilidade brasileira. Tomemos os principais problemas enfrentados no mundo que exigem um mínimo de tempo para maturar as suas soluções, e mudanças exageradas acabam criando uma instabilidade indesejada para todos.

Há que se admitir também a mudança que está ocorrendo na imprensa mundial, bem como o uso indiscriminado de redes sociais, com muitos fake news sem nenhum controle. Não que haja necessidade de volta ao passado, mas um mínimo de controle dos meios eletrônicos disponíveis parece mais conveniente, pois a atual instabilidade pouco ajuda a todos.

Parece conveniente que haja um mínimo de pragmatismo, com a criação de regras gerais que não retirem a liberdade da imprensa, mas deixem claras as responsabilidades daqueles que abusam dos meios discutíveis. Parece conveniente que as mudanças e aperfeiçoamentos que ocorram no campo político tenham a capacidade de dar o tempo necessário para as correções como os indispensáveis na saúde, preservação do meio ambiente, maturação das pesquisas em andamento e redução das disparidades entre os componentes da população. Talvez seja pedir muito…



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