Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Água de Coco: Bom Para o Corpo e Para a Natureza

4 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Saúde | Tags: , ,

Ideal para os dias quentes, a água de coco é preferência nacional. Matéria publicada na Folha de S.Paulo, pelo jornalista Mauro Zafalon, relata que pesquisa recente mostra o consumo de água de coco como um dos que mais crescem no país: 18% ao ano, a bebida manufaturada, com continuidade de crescimento em franca ascensão.

Por ter baixo índice de calorias (22 cal por 100 ml), nutricionistas recomendam seu consumo entre as refeições, quando bate aquela “fominha”, para se manter satisfeito de forma saudável. Além de deliciosa e refrescante, contém sais minerais e nutrientes: magnésio, potássio, sódio moderadamente, cálcio, vitamina C. Funciona, portanto, como isotônico natural, bom para repor líquidos e minerais perdidos pela transpiração durante malhações e prática de exercícios físicos. Como possui composição semelhante ao plasma sanguíneo, pode substituir o soro fisiológico para abrandar efeitos de diarréia, como riscos de desidratação. Ajuda a equilibrar a circulação do sangue, regulando o nível de sódio e água no corpo, prevenindo assim cãibras e fraqueza muscular. É diurético eficiente, eliminando o excesso de água no organismo sem interferir no nível de potássio. E é muito bem tolerado por pessoas que sentem enjoos, como na gravidez e nos tratamentos de quimioterapia.

Foto do site kboing.com.br

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Notícias do Japão: Akatombo, Kabuki-za, Kurosawa

2 de novembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura | Tags: , , ,

Akatombo (libélula vermelha) em extinção?

libélula vermelha_por Reginaldo Okada A emissora NHK informa que pesquisadores nas províncias de Ishikawa e Fukui vêm constatando a presença cada vez mais rara de libélulas da espécie akiakane, o clássico e popular akatombo – tão arraigado no folclore japonês, cantado em versos e canções, ou desenhado em pinturas de todas as categorias. O akatombo põe ovos no suiden, campos irrigados de arroz, logo após a colheita, no outono. Revoada de akatombos sempre foi característica outonal nas zonas rurais junto aos tambos (arrozais). Em muitas localidades, logo após a colheita, tambos vêm sendo aproveitados para outras culturas; ou o arroz sendo substituído por plantações diversificadas, diminuindo as áreas para a reprodução de libélulas. Além disso, libélulas de espécies maiores e mais agressivas estão invadindo os tambos, espantando akatombos. Dano maior, porém, parece estar sendo causado por novos tipos de defensivos agrícolas, justamente os desenvolvidos a partir de pesquisas para proteger a biodiversidade, mas para os quais libélulas vermelhas parecem vulneráveis.

Akatombo sempre foi símbolo da chegada do outono no Japão. Para muitos japoneses saudosistas, o seu desaparecimento significaria também uma parte do outono que se esvai inexoravelmente.

Encontrado guião (enredo) de filme inédito de Kurosawa

Akira Kurosawa Pesquisador da Universidade de Tóquio achou o enredo manuscrito, com anotações detalhadas de Akira Kurosawa, de há mais de 60 anos – de um filme que não chegou a ser editado.

Kan-oke-maru no hitobito – “A tripulação do Kan-oke-maru” relata um incidente dentro de um navio, com lutas entre marinheiros e oficiais, em meio a brumas sombrias, tendo o mar como palco. Através do enredo, notam-se características marcantes do diretor, como as cenas de ação, relacionamento humano, e ambiente brumoso. Especialistas em Kurosawa sabiam da existência deste filme inacabado, mas pouco se sabia dele. A descoberta deste guião traz agora a certeza de que, tivesse sido terminado a contento, este filme talvez pudesse constar também como uma grande obra da cinematografia.

Lançada a construção do novo Teatro Kabuki

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Foto 1: O Teatro em 1907-1911. Fotos 2 e 3: Projetos de reconstrução (Fonte: site kabuki)

Cerimônia de lançamento da construção do novo teatro Kabuki foi realizada no local do antigo teatro, no centro de Tóquio. Segundo a NHK, uma centena de pessoas, entre elas alguns famosos atores de Kabuki, assistiu à cerimônia. O Kabuki-za, grande teatro de Kabuki, fechado em abril deste ano, foi demolido para reconstrução. Localizado em Ginza, era conhecido por sua suntuosa fachada, em estilo Momoyama. O teatro original, de 1889, foi destruído pelo terremoto de 1923. Reconstruído, sofreu bombardeios em 1945, e fora reinaugurado em 1954.

O novo complexo, de 29 andares, irá abrigar, além do teatro, escritórios comerciais, e procurará reproduzir o estilo da antiga construção. Peças originais de metal, conservadas da demolição, serão reaproveitadas, e cedros japoneses da mais alta qualidade comporão o palco do novo teatro. Kanzaburo Nakamura, de tradicional linhagem de atores Kabuki, declarou-se comovido com a expectativa da abertura do novo Kabuki, prevista para a primavera de 2013.


“Kôyô Zensen” – Matizes de Outono

28 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Cultura, Depoimentos | Tags: , , ,

Apesar da exígua extensão territorial se comparada a países continentais como o Brasil, 70% das terras do Japão são montanhas não habitadas, cobertas de florestas e banhadas por riachos cristalinos. Terras são muito prezadas pelos japoneses, suas montanhas e florestas, reverenciadas. Grande parte de árvores dessas florestas preservadas se constituem de espécies deciduifólias, como nas outras regiões do hemisfério norte: árvores que se desfolham no inverno, cujas folhas se tingem de diferentes matizes de amarelo, laranja e vermelho, no outono.

São bordos e ácers diversos (kaede, momiji, sugar maple), ginko bilobas (ichô), sumagreiras (urushi, árvore que produz o verniz de charão), altaneiras (keyaki), paulownias (kiri), entre outras. As folhas começam a mudar de cor em meados de setembro, a partir da região norte, desde Hokkaido. A coloração outonal avança em direção ao sul, nos meses de outubro e novembro, acompanhando a feliz disposição geográfica do arquipélago. Chamado de kôyo zensen -“frente de folhas tingidas”, esse avanço é anunciado diariamente pela mídia. Jornais estampam fotos das montanhas e colinas coloridas, emissoras de televisão mostram espetaculares paisagens tingidas de tons que vão do amarelo claro ao vermelho escuro, passando pelo laranja, misturados ao verde contrastante das árvores de folhas perenes.

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Notícias e Curiosidades do Japão

25 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Notícias | Tags: ,

A televisão oficial japonesa NHK divulgou as seguintes notícias que constituem curiosidades:

Sininhos para afastar ursos – Turistas que vão às regiões montanhosas apreciar as cores do outono estão notando que a venda de “sininhos” para afugentar ursos estão em alta, vendendo-se quase o dobro do que no outono de anos anteriores. São sininhos para pendurar nas mochilas ou no cinto, cujo barulho assusta e afugenta ursos. Jornais e TVs alertam para o aumento de ataques de ursos nas áreas rurais, nesta época em que japoneses apreciam excursionar pelas montanhas. Lojas de conveniências de alguns locais não estão dando conta do estoque de sininhos.

Chuvas em Amami-Ôshima – Chuvas torrenciais têm castigado o sul de Kyushû, mais duramente a Ilha de Amami-Ôshima, causando desmoronamentos e inundações que desabrigaram centenas de pessoas. A NHK informa que o mar de coral de Amami foi coberto pela lama que as águas da chuva levaram mais de 100 metros mar adentro. Corais necessitam de muita claridade e luz solar para se desenvolver e sobreviver. Mergulhadores constataram que lama e areia, de 10 a 20 centímetros de espessura, cobriram os corais. Teme-se pela integridade dos mesmos.

A noção de furusato/satoyama – Furusato/satoyama (torrão natal) são palavras que trazem à memória a imagem nostálgica da proximidade do homem com a natureza. A topologia peculiar do Japão, aliada à herança agrocultural, proporcionou uma coexistência equilibrada entre homem e natureza que muito contribuiu para que o nível da biodiversidade tivesse sido protegido. Autoridades japonesas querem aproveitar essa herança cultural e promover o que eles denominaram Iniciativa Satoyama, durante o COP10 em Nagóia. A NHK pretende acompanhar o papel desta iniciativa, e como ela poderá ser usada, até internacionalmente, para promover a biodiversidade.


A Rota do Chá e do Cavalo II

22 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , ,

Colhidas de árvores nativas centenárias desde antes da era Cristã, a colossal demanda por folhas da Camellia sinensis provocou seu cultivo em larga escala nas regiões subtropicais amenas do sudoeste chinês. A colheita pode durar de 6 a 8 meses após as chuvas de monções, e é feita com triagem rigorosa das folhas por delicadas mãos femininas, a fim de preservar as plantas e a qualidade das folhas. Chineses sempre beberam infusões de chá verde fresco, mas para facilitar o transporte e a conservação, adotou-se o processamento de fermentação das folhas por secagem natural; quando adquiriam cor acobreada, interrompia-se a decomposição natural por calor – em forno, ou a vapor. O produto era então comprimido em bolos, ou em formas de discos, ou tijolos. As folhas assim processadas continuavam a fermentar, mesmo depois de acondicionadas e transportadas no dorso de mulas e cavalos em longas viagens, que duravam meses. O popular chá pu’er é processado até hoje dessa maneira.

Chama Dao, Rota do Chá e do Cavalo, era o caminho através do qual se comerciavam cavalos de guerra tibetanos, peles, tapeçarias etc., por chá, sal, açúcar, vindos do sudoeste chinês. Tornou-se via crucial de comunicação e comércio entre as culturas das atuais Yunnan e Sichuan, e Lhasa, no Tibete. Atingia até Pérsia e Mongólia, através de Butão, Nepal, Índia. Postos fiscais por onde passavam caravanas deram origem a vilas, povoados, e cidades. Pontilhados de templos, estátuas e locais de oração, todo o trajeto se impregnava de uma aura de religiosidade e fé das mais diversas seitas budistas, de etnias como han, dai, uighur, naxi, bai, hui. Esta rota atravessava o “teto do mundo” por mais de 4.000 quilômetros de trilhas tortuosas, vinte cadeias de montanhas – com picos de mais de 6.000 metros, dois planaltos desérticos, canyons e gargantas profundas, poderosos rios de montanhas – Jinsha/Yangtsé, Lancang/Mekong, Nujian/Salween, e seus afluentes não menos avassaladores.

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COP10 Nagóia e o Ano Internacional da Biodiversidade

15 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , ,

“Represa de Billings recebe 400 toneladas de lixo por dia”, “Mercúrio em área pública contamina crianças no interior de São Paulo”. Duas notícias publicadas no mesmo caderno de jornal, no mesmo dia (Folha de S.Paulo, 15/out/2010). Elas falam sobre falta de saneamento ambiental básico e de disposição e manejo inadequados de resíduos produzidos pelo homem. Nossas crianças, nossas águas, plantas, pássaros e animais pedem clemência. E estamos em pleno Ano Internacional da Biodiversidade. A ocupação desordenada de áreas naturais, a exploração predatória de recursos da natureza e a poluição são algumas ações humanas que têm produzido consequências danosas, contribuindo para a perda cada vez maior de espécies animais e vegetais no Planeta.

Esses temas estarão em jogo durante as discussões da 10ª Conferência das Partes, da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, na cidade de Nagóia, Província de Aiichi, Japão, nos próximos dias 18 a 29 de outubro. O Ano Internacional da Biodiversidade foi aberto em janeiro deste ano, na 2ª Reunião de Curitiba sobre Cidades e Biodiversidade, organizada pelas Nações Unidas. Representantes de 16 países de diferentes continentes tentaram definir um plano de ação focando a preservação da biodiversidade. O estudo conduzido será apresentado em Nagóia, durante o COP10.

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“Japanese Americans” – Filme Americano Sobre Imigrantes

13 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Livros e Filmes | Tags: , , | 2 Comentários »

Notícia publicada no semanário The North American Post, de Seattle, WA., informa que está sendo finalizado o filme sobre imigrantes japoneses nos Estados Unidos. Foi filmado em locação na Costa Oeste americana (Seattle, Los Angeles, Manzanar), e no Japão (Hiroshima, Okinawa), e é um seriado especial comemorativo do 60º aniversário da TBSTokyo Broadcasting System. É a dramática história da luta de um homem que tenta preservar a pequena propriedade construída com muito suor, enquanto, juntamente com sua família dividida, é enviado para um campo de prisioneiros de guerra. Relato de um tempo obscuro da história americana quando imigrantes japoneses e descendentes americanos foram encarcerados por causa do temor paranoico de que pudessem vir a colaborar com o beligerante governo militar japonês na II Guerra.

O ator japonês Tsuyoshi Kusanagui faz duplo papel: o do imigrante Chokichi Hiramatsu, que vai para os EUA em 1910 como trabalhador agrícola, e, na continuação a partir de 1940, representa também o papel do filho, Ichiro, quando toda a família é aprisionada em campo de concentração. Alistado no exército americano, ele é enviado para o front europeu. Suas duas irmãs são expatriadas, e sofrem também as piores consequências da guerra.

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Os atores Tsuyoshi Kusanagui e Pinko Izumi e a roteirista Sugako Hashida

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Rota do Chá e do Cavalo: O Chá “Pu’er” (I)

8 de outubro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , ,

Reprisado pela TV5-Monde, Sur la route légendaire du thé, produção franco-chinesa de 2007, este belíssimo documentário em três episódios nos desvenda a lendária Rota do Chá e do Cavalo. Quase desconhecida no Ocidente até o século XX, ligava o Sudoeste da China – atuais províncias de Sichuan, Yunnan e Qinghai – à Lhasa, no Tibete, através de planícies e platôs a 2000 metros de altitude, entre montanhas nevadas, traiçoeiros penhascos e desfiladeiros, e florestas selvagens. Na região conhecida como “teto do mundo”, dos mais inóspitos lugares da Terra.

No milênio que antecedeu a era cristã, quando a China mantinha com sucesso o monopólio do bicho da seda e da sua produção, a Rota da Seda ligava chineses ao mundo mediterrâneo, proporcionando intensa troca de cultura e comércio de raras e valiosas mercadorias. Mas a origem e a principal base do longo e contínuo comércio Leste-Oeste através dessa rota estava na troca da seda chinesa por cavalos da Ásia Central. Cavalos, de primeira necessidade para o imenso território: para transporte e segurança, para abastecer o exército do país. Quando o segredo do bicho-da-seda foi quebrado, a seda começou a ser produzida desde a Índia ao Bizâncio, e se tornou produto mediterrâneo. A China perdeu definitivamente o monopólio que era a razão de ser da Rota da Seda; mas continuava a precisar dos cavalos da Ásia Central. A partir da Dinastia Tang (séc.VII d.C.), os chineses descobriram outro produto muito apreciado por povos do Tibete e da Ásia Central, e entre nômades da Mongólia: o chá, proveniente das folhas da Camellia sinensis largamente nativa no Sudoeste da China, mas não cultivável nos gelados platôs tibetanos, nem nas estepes ou desertos da Mongólia. Rica moeda de troca por cavalos.

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Tsukimi – Em Busca do Luar da União

30 de setembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , | 2 Comentários »

  Juntamente com o budismo e o confucionismo que se difundiram no Japão vindos da China, através da Coreia, conceitos inerentes a esses ensinamentos constituem cultura comum entre os três países. Como a consciência do fugaz: a profunda harmonia que se estabelece entre o belo e o efêmero do mundo exterior com a emoção interior das pessoas, provocando sentimento de pesar patético pelo momento breve que se esvai sem piedade.

Explicado como mono-no-aware, esse conceito domina a estética japonesa, mais precisamente a partir do período Heian (794-1185, Quioto). Explorado com talento em obras como Genji Monogatari, impregnaria para sempre as artes – literatura, música, pintura, arquitetura, paisagismo. E também o próprio dia a dia no Japão. A refinada corte de Heian apreciava buscar a beleza da natureza cambiante. Assim, a contemplação de flores na primavera (hanami); no verão, excursões por campos e montanhas, a caça a vagalumes (hotaru-gari); no outono, o misterioso apelo do luar (tsukimi), o cricrilar de insetos (mushi-kari) e a contemplação de folhas se tingindo de vermelho (momiji-gari); no inverno, enfim, o silencioso cair da neve (yukimi).

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Ichi-go, Ichi-e: Momento Único do Encontro de Uma Vida

23 de setembro de 2010
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , | 10 Comentários »

ichigo Aglutinando ideogramas diferentes, a língua japonesa tem a peculiaridade de construir frases sintéticas densas, com profundo sentido inerente à cultura e ao espírito japonês. Como a expressão “ichi-go, ichi-e”, que transmite um ideal estético ligado aos conceitos zen-budistas e à consciência da transitoriedade das coisas. Literalmente significando “um momento, um encontro”, sua conotação, porém, tem nuances e implicações que transcendem explicações ou traduções.

Regidos por estações de ano bem definidas em que a natureza cambiante faz o mundo flutuar numa constante mutação de temperatura, sons, cores, aromas e gostos, os japoneses tentam se apegar ao efêmero, procurando usufruir ao máximo o que cada estação oferece ao tato, aos olhos e ouvidos, ao olfato e paladar. Ichi-go, ichi-e traz à consciência a proposição de viver ao máximo cada dia, hora, minuto e segundo. Fazer de cada momento um encontro único para ser vivido bem e intensamente.

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