Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Capacidade Ociosa da Indústria Pesada Chinesa

4 de setembro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , ,

Ainda que todos os dados chineses sejam astronômicos, um artigo elaborado por Adam Minter e publicado no site da Bloomberg menciona o que está acontecendo com a siderurgia chinesa e sua capacidade ociosa, afirmando que algo semelhante estaria ocorrendo também com as indústrias de vidros planos, cimento, alumínio e construção naval. No último fim de semana 300 executivos da siderurgia da China teriam se reunido no Beijing Landmark Towers, um hotel estatal, para a oitava reunião anual da China International Forum de Reciclagem do Metal para enfrentar a nova realidade. Na versão anterior do evento tinham usado o novo e luxuoso Le Meridian de Chongqing, reunindo 500 entusiasmados executivos do setor.

De acordo com Zhu Jimin, vice-presidente da China Iron and Steel Association, a capacidade da indústria de aço daquele país cresceu de 200 milhões de toneladas de fins de 2012 para 1,1 bilhão de toneladas, todas estatais. Para comparação os Estados Unidos em 2013 produziu apenas 87 milhões de toneladas. No primeiro semestre deste ano o consumo chinês foi de 376 milhões de toneladas, o que permite estimar que pudesse chegar a 700 milhões no ano, ou mais de 30% de capacidade ociosa. O governo Xi Jinping pretende encerrar as atividades das unidades mais poluentes e menos eficientes.

clip_image002            Indústria siderúrgica chinesa, muitas estatais controladas pelas autoridades regionais.

Com esta capacidade ociosa os preços do aço continuam a despencar, e no primeiro semestre deste ano caiam 8,79%, apesar das exportações fortes, inclusive para o Brasil.

O mesmo quadro se apresenta para as demais indústrias pesadas chinesas e o Conselho de Estado da China destacou também as de vidros planos, cimento, alumínio e construção naval. No aço revelaram a disposição de corta 27 milhões de toneladas de aço, além dos 10 milhões já reduzidos em 2013. Cortes maiores de cerca de 400 milhões de toneladas visam às fábricas poluentes que estão com tecnologias defasadas.

Ainda que estas reduções estejam programadas, ainda há um crescimento descontrolado de algumas em expansão. Existem subsídios que o governo está reestudando, financiamentos do mercado paralelos, corrupções e a maior parte do setor estar sob comando das autoridades locais.

Por ironia, mesmo na reunião mencionada, contava-se com a presença de stands de fornecimento de equipamentos inclusive por leasing, alguns deles para substituir os obsoletos.

Portanto, apesar das intenções do governo Xi Jinping é mais fácil de falar sobre o assunto do que executar as medidas dentro da mesma orientação, mesmo na China cuja economia é controlada de forma centralizada.

Com tudo isto acaba ocorrendo uma guerra no mercado internacional, fazendo com que as siderurgias brasileiras sofram parte de suas consequências.


As Mudanças na Economia Chinesa

28 de fevereiro de 2014
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Com o início das mudanças na administração do câmbio na China, tudo indica que ela entrou na fase das reformas que o governo de Xi Jinping pretende introduzir na economia chinesa, e os ajustamentos necessários devem ser dramáticos. O site da Bloomberg publica um artigo sobre o assunto, prevendo que possivelmente isto provocará um crescimento mais lento da China. Os custos dos recursos humanos já estavam se elevando e os subsídios diretos e indiretos dos juros, da energia, terra, água e outras formas de incentivo da economia começam a afetar muitos setores como o do aço, vidro, papel, autopeças, equipamentos energéticos, alimentos, têxteis e outros. Setores fundamentais como o da energia e construção naval também são citados pelos analistas estrangeiros. Estima-se que em 2010 o suporte para a indústria chinesa somava cerca de 10% do PIB, segundo estudos de Huang Yiping, vice-presidente da National School of Development da Universidade de Peking, algo em torno de US$ 593 bilhões.

As repercussões internacionais também serão importantes, como para os fornecedores de minérios para as siderurgias chinesas. Muitos setores terão que alterar os seus planos, havendo casos em que estarão fora do mercado, cujas indicações passam a comandar a economia, onde antes predominavam as decisões do governo. A estimativa de Huang Yiping é que o crescimento da economia chinesa pode ser reduzido em 3% durante os próximos três anos. Os subsídios e os câmbios controlados visavam reduzir a pobreza do país. Michael Pettis, um conhecido especialista sobre a China, é mais pessimista e estima que no final do mandato de Xi Jinping em 2022 o crescimento chinês deve ser de 3 a 4 por cento. O Fundo Monetário Internacional é mais otimista.

Bandeira-da-Chinabloomberg-logo

Leia o restante desse texto »